Alguns anos atrás esse era um assunto quase inexistente nas empresas. Antes de o assunto ser oficializado e massivamente utilizado pelos líderes, a transparência foi, aos poucos, ganhando adeptos. Foi após alguns desses líderes terem notado que essa era uma boa ferramenta para disseminar informações e trazer os colaboradores à frente do time que ela começou a ser adotada como prática saudável dentro das empresas.

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Infelizmente, algumas empresas e gestores acabaram levando ao pé da letra a essência da prática e esqueceram, por vezes, que determinados públicos e informações simplesmente não devem se cruzar. Acabaram sendo claros demais, revelando segredos, e trazendo assim problemas para suas próprias companhias. Por isso, a combinação destas duas variáveis – mensagem e público receptor – deve ser medida e cuidadosamente calculada. Conheço uma empresa que teve sérios constrangimentos por falhas na comunicação e por ter usado a transparência com as pessoas erradas, no momento errado.

Na época, essa empresa planejava abrir uma nova filial em outro estado. O projeto ainda não estava bem delineado quando a direção abriu aos gestores a ideia da ampliação. Como a informação não foi transmitida em caráter de sigilo, e também pela empolgação e confiança em excesso que o conselho tinha nos líderes, acabaram passando-lhes a novidade de maneira vaga e desmedida. O projeto ainda não era concreto e, além disso, o momento de passar a notícia não era oportuno, uma vez que a empresa estava saindo de uma crise e, aos olhos de todos, era nítido que não estava em condições de fazer grandes investimentos.

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O resultado foi desastroso. Em duas semanas todos estavam sabendo dos planos da direção. Entretanto, como um grande telefone sem fio, cada um ouviu uma versão diferente da história. Uns diziam que a empresa havia crescido tanto que ia abrir uma filial internacional, outros diziam que setores inteiros seriam transferidos e ainda alguns falavam que a matriz iria encerrar as operações.

Bastaria um comunicado oficial para resolver o problema internamente, mas, como em toda história, há sempre maneiras de o desastre ser ainda pior. Nessa não foi diferente. Os concorrentes também ficaram sabendo desse projeto. E qual foi o resultado disso? Em menos de um ano um desses concorrentes inaugurou uma filial na mesma região onde essa empresa estava planejando operar.

Caro leitor, você consegue compreender a importância – e o perigo latente – que uma simples informação como essas possui? Se essa empresa possuísse um sistema de distribuição de informações definido, com critérios sobre que níveis hierárquicos recebem determinados tipos de mensagem, talvez toda essa fuzarca não teria acontecido.

Esse caso demonstra de maneira simples como a seletividade de informação e público deve ser pesada. Você já deve ter ouvido casos de problemas de informações que escaparam e resultaram em demissões, feedbacks que foram excessivamente abertos, notícias falsas sobre a empresa que afetaram seus resultados e toda a classe de trabalhadores, além de outros boatos que surgem de falhas simples como essa.

Falarei mais sobre a transparência seletiva no artigo desta terça-feira. Até lá!

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