Uma semana após a aprovação de um plano de resgate de 17 bilhões, o governo do Chipre e os correntistas dos maiores bancos do país começam a descobrir a amplitude do confisco exigido pela União Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Cálculos preliminares e extraoficiais indicam que o corte no saldo de contas correntes, poupanças e investimentos com mais de 100 mil poderá chegar a 60% para os clientes do Banco de Chipre, o maior da ilha. A situação só não é pior do que no banco Laiki, onde os correntistas com recursos acima deste valor perderão 100%.
O confisco de recursos de investidores privados foi a fórmula encontrada por Bruxelas e pelo FMI para fazer com que o governo cipriota arrecade 7 bilhões em recursos, montante da contrapartida do país aos 10 bilhões em recursos internacionais que lhes serão emprestados. Pelo acordo de socorro, o Banco Laiki (Popular) será extinto. Clientes com menos de 100 mil serão transferidos ao Banco de Chipre, enquanto os demais perderão seus recursos.
O memorando de entendimento também previa o confisco de parte dos recursos dos clientes do Banco de Chipre. Há uma semana, Jeroen Dijsselbloem, coordenador do fórum de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo), havia estimado os cortes entre 25% e 40%. No sábado à noite, o Banco Central cipriota informou que o corte será de 37,5%, valor que será transformado em ações da instituição - o que transformará, compulsoriamente, os correntistas em sócios do banco. Além disso, outros 22,5% serão congelados e poderão ser confiscados caso o governo precise de recursos extras.
"A primeira estimativa feita é de que 37,5% dos depósitos acima de 100 mil serão convertidos em ações", confirmou o ministro das Finanças, Michalis Sarris. "Por segurança, uma vez que os cálculos foram feitos sobre o montante que precisamos, 22,5% ficarão em separado." Segundo nota do BC cipriota, a decisão será informada "90 dias após o fim da avaliação".
Conforme o porta-voz do governo cipriota, Christos Stylianides, as autoridades também buscarão outras alternativas para geração de recursos, "investigando todos os aspectos da crise no setor bancário". Para Stylianides, as opções podem incluir "a supressão ou a redução de empréstimos e outros serviços fornecidos por bancos cipriotas no país e no exterior".
Chipre viveu um feriado bancário de 12 dias em razão da turbulência financeira no país. As agências bancárias foram reabertas na quinta-feira, mas com um controle de fluxo de capitais, estabelecendo limites estritos para os correntistas, entre os quais saques de 300 por semana e transferências internacionais de até 5 mil por mês.
Segundo relatório do Instituto da Finança Internacional (IIF), o órgão que representa grandes investidores mundiais, o plano de socorro da UE para o Chipre causará uma depressão da ordem de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em apenas dois anos. Para efeitos de comparação, a Grécia, nação mais atingida pela recessão na Europa, levou cinco anos para chegar à depressão de 20%. Com AFP e Reuters.
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