O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu denúncia contra André Esteves nesta semana| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A notícia de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu denúncia contra André Esteves levou a ação do BTG Pactual na terça-feira (8), à maior queda desde a registrada no dia da prisão do banqueiro (25 de novembro), quando os papéis caíram 21%. Com a desvalorização de 14,96% da terça, as units (pacote de ações) do banco fecharam cotadas a R$ 14,95. A instituição já perdeu 51,6% de seu valor na Bolsa paulista desde que seu ex-presidente foi detido.

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Além da denúncia de Janot, o mercado também ponderou a real capacidade de o banco vender ativos rapidamente – carteiras de crédito, debêntures (títulos de dívida), participações em empresas, etc – para fazer frente à necessidade de ganhar liquidez no curto prazo.

A notícia de que a primeira parcela da ajuda do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) – cerca de R$ 2 bilhões – já entrou no caixa foi suficiente para estancar a queda. Na sexta-feira, o FGC, instituição mantida por recursos dos correntistas e controlada pelos bancos, liberou linha de R$ 6 bilhões ao BTG.

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Nas duas últimas semanas, o banco trocou seu comando – Esteves, porém, mantém-se como acionista –, começou a vender ativos (como a fatia de 12% na Rede D’Or, por R$ 2,38 bilhões ao fundo soberano GIC, de Cingapura) e negocia outros desinvestimentos em empresas e em instituições financeiras, como no banco suíço BSI e o chileno Celfin. O banco está analisando propostas, segundo fontes. No caso do Celfin, os antigos acionistas estão no páreo.

Conselheiros independentes do BTG vão anunciar nos próximos dias a contratação de uma auditoria internacional para fazer pente-fino nas negociações já realizadas, com intuito de descartar eventuais operações ilegais envolvendo a instituição.

Ações do BTG caem 9,47% e crise de confiança contamina a BR Pharma

A desvalorização das units do banco chega a 41,6% desde 25 de novembro, data da prisão de André Esteves, ex-presidente da instituição

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BR Pharma

Na Bolsa, a BR Pharma – ativo que reúne várias redes de farmácias – voltou a sofrer na terça. Em apenas dois dias, a ação perdeu 42,5%. Na terça, as perdas foram de 22,08%, com o papel encerrando o dia a R$ 7,87 (na sexta-feira passada, valia R$ 13,70).

Na segunda-feira, o BTG afirmou que a capitalização de R$ 600 milhões para a BR Pharma, que está muito endividada, seria feita. No entanto, fontes disseram que a venda “fatiada” dos ativos está sendo estudada.

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Ainda na BM&FBovespa, outra empresa com fatia relevante do BTG é a BR Properties (ativos imobiliários), que caiu 4,65% na terça. O papel sofreu com o anúncio de um leilão de venda dos papéis, a ser realizado na quinta-feira, que envolve 59 milhões de ações, o equivalente a 19,78% dos papéis ON, a R$ 7,50.

A corretora intermediadora é a do BTG Pactual e o próprio banco é apontado como vendedor no mercado, mas não confirma a informação.

Fundo Garantidor de Crédito libera R$ 2 bilhões ao BTG Pactual

Valor, parte de uma linha total de R$ 6 bilhões, deve ser suficiente para banco honrar seus vencimentos até a metade de 2016

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Fuga de capital

Desde que a crise foi instaurada no banco, o BTG tem tentado dar sinais ao mercado de que poderá conter os resgates de investidores. Além da mudança da gestão e linha de crédito do FGC, o banco pediu autorização à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para intensificar as compras de suas units. Para o mercado, seria uma forma de fechar o capital, mas fontes próximas ao banco negam o movimento.

O banco está intensificando a venda de sua carteira de crédito para outros bancos, estimados em cerca de R$ 20 bilhões, e de debêntures. De acordo com fontes de mercado, no entanto, essas negociações estão indo mais devagar do que o inicialmente projetado.

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Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, um investidor estrangeiro interessado em carteiras de crédito esperava fechar negócio nesta semana, mas agora prevê assinar o contrato só depois do dia 15.

Duas fontes ouvidas pela reportagem disseram que o banco corre contra o relógio e está sob pressão do Banco Central para encontrar solução rápida à sua situação de liquidez.