Melania (à esq.) e Donald Trump| Foto: NICHOLAS KAMM/AFP

A alta do dólar nos últimos dias já começa a preocupar o governo. O Palácio do Planalto monitora a oscilação e o próprio presidente Michel Temer (PMDB) tem acompanhado a movimentação da moeda americana. Após o dólar fechar mais uma vez em alta na segunda-feira (14), o Banco Central (BC) anunciou que atuará com força no mercado de câmbio na volta do feriado com uma operação que terá efeito comparável à venda de US$ 1,5 bilhão no mercado futuro nas primeiras horas de negócios de amanhã.

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Na quarta, o dólar persistiu na trajetória de alta e, mesmo com uma intervenção do BC, a moeda terminou em alta de 1,15%, a R$ 3,4444. A moeda americana tem subido diariamente desde a inesperada eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Apenas em novembro, o dólar já subiu 8% ante o real. É essa escalada que já começa a preocupar o governo Temer.

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Interlocutores no Executivo dizem que a maior preocupação da equipe econômica é que a insistência da alta possa atrapalhar os planos do Planalto de dar prosseguimento à redução dos juros. Depois de quatro anos, a taxa caiu 0,25 ponto no mês passado, para 14%. Economistas dizem que o dólar mais alto encarece os preços em reais, o que gera inflação e atrapalha o corte de juros - fator considerado fundamental para a retomada do crescimento.

Para o governo, a alta do dólar não tem a ver com a situação doméstica. A equipe econômica defende que o movimento seria apenas uma reação ao chamado “efeito Trump”. Essa turbulência no cenário internacional, na avaliação desses interlocutores, é a única responsável pela oscilação da moeda. O problema é que esse fator acaba por atrapalhar a recuperação da economia. Atualmente, o cenário brasileiro não apresenta dados positivos que a equipe econômica esperava alcançar no fim deste ano. Além disso, são grandes as incertezas sobre 2017.

Leilões

Enquanto o governo demonstra desconforto com o dólar, o BC anunciou na noite de segunda-feira que atuará com mais força na quarta, com dois leilões de moeda. A ação do BC será realizada através dos chamados contratos de swap cambial tradicional.

A partir das 9h30, serão oferecidos até 10 mil contratos de swap em um leilão que equivale à venda de US$ 500 milhões. Após as 11h30, será ofertado outro lote com até 20 mil contratos, ou US$ 1 bilhão. Esses contratos são adquiridos especialmente por instituições financeiras e investidores que buscam se proteger da oscilação do câmbio. Quem detém esses instrumentos financeiros recebe do BC a oscilação do dólar até o vencimento do título.

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A estratégia do Banco Central segue o mesmo roteiro visto na sexta-feira da semana passada, quando o dólar disparou e chegou a se aproximar de R$ 3,50. Nos leilões programados para a quarta-feira, a primeira operação - de US$ 500 milhões - será com novos contratos oferecidos pelo BC ao mercado. Na oferta seguinte - de US$ 1 bilhão - a instituição renovará operações antigas, mas que também terão efeito comparável à venda de dólares no mercado futuro.