Na avaliação de 32 cidades com melhor potencial de geração de negócios de alto impacto no país Curitiba tem o 8.º lugar no ranking geral, Maringá está em 11.º e Londrina, em 17.º, de acordo com o Índice de Cidades Empreendedoras 2015 (ICE2015). Elaborado pela Endeavor, o estudo faz a análise do desempenho das cidades brasileiras quanto ao ambiente regulatório, infraestrutura, capital humano, acesso a capital, mercado, inovação e cultura empreendedora.
INFOGRÁFICO: Confira as cidades melhor colocadas no ranking da Endeavor
Em 2014, quando o estudo avaliou mais de 400 indicadores de 14 capitais brasileiras, Curitiba ocupava o 4.º lugar na classificação geral. Neste ano, mudanças na metodologia e o aumento do número de cidades analisadas fizeram a capital paranaense perder quatro posições.
As cidades representam 37% do PIB nacional e concentram boa parte do 1% de empresas brasileiras consideradas scale-ups, que mantêm crescimento anual acima de 20%. Entre as 15 primeiras, seis não são capitais e demonstram o bom desenvolvimento do ambiente empreendedor no interior do país. Infraestrutura e formação de mão de obra qualificada por causa das universidades, que também fomentam pesquisas científicas e a inovação, ajudam a compreender essa performance.
Maringá e Londrina mostram dados satisfatórios em pilares relevantes. Mas é na cultura empreendedora que o Paraná chama a atenção, com Maringá e Curitiba em pontas opostas. Enquanto Maringá só perde para Natal (RN), Curitiba fica na frente apenas de Brasília.
Capital arrisca menos
A média de renda mais alta e a estabilidade de carreiras públicas são apontadas como razões para o nível baixo de cultura empreendedora na capital.
O curitibano arrisca menos em negócios próprios. Esse é o efeito mais nocivo da não valorização da imagem e do potencial empreendedor de uma cidade. “Sem um reconhecimento sobre sua importância, novos empreendedores se retraem”, observa Mariana Foresti, da área de apoio a empreendedores da Endeavor no Paraná.
Na outra ponta,Maringá é a única cidade do Sul do país entre os três primeiros colocados. “A imagem do empreendedor é reconhecida, admirada e respeitada. Sinal que os agentes conseguem destacar a relevância econômica e social da atividade no contexto urbano”, afirma o gerente de pesquisa da Endeavor, João Melhado.
Metodologia
Mensurar um valor pouco tangível como a cultura de uma população não é tarefa fácil. Para conseguir indicadores que mostrassem a percepção sobre o potencial e a imagem do empreendedorismo, o ICE2015 recorreu ao teste META (Measure of Entrepreneurial Tendencies and Abilities). A partir de questões psicométricas, são avaliadas 4 atitudes consideradas essenciais: proatividade, visão de oportunidades, criatividade e sonho grande. Pouco mais de 9 mil pessoas responderam aos questionários pela internet.
Ambiente em Curitiba amadureceu e está mais desenvolvido
Se o Índice de Cidades Empreendedoras 2015 fosse realizado há dez anos, o desempenho de Curitiba na avaliação da cultura empreendedora seria ainda mais decepcionante. Essa é a opinião de Tiago Dalvi, fundador da Solidarium e da Olist. Empreendedor por teimosia, Dalvi elenca os percalços que superou no início de seus negócios, e o aprendizado que desenvolveu nas mudanças que precisou fazer ao longo de sua trajetória. Não havia aceleradoras, eventos dirigidos, atuação de fundos de investimentos. “Hoje o ambiente está mais desenvolvido e maduro, mas ainda tem bastante chão para andar. É preciso inspirar novos empreendedores com a divulgação de bons exemplos e dar incentivos para os negócios florescerem a partir daqui”, diz.
Para Gina Paladino, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, incentivos ao empreendedor passam por capacitação e microcrédito. Ligada à administração municipal, a agência tem sete postos de atendimento para estimular o empreendedorismo. Nos últimos três anos, o total de atendimentos pulou de 24 mil em 2013 para 65 mil neste ano. “Em uma cidade com oferta de emprego sustentada por grandes empresas, o empreendedorismo precisa ser incentivado na base da pirâmide social, mostrando as oportunidades de desenvolver-se no mercado de trabalho, como alternativa às carreiras tradicionais”, diz.
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