Ter um painel solar no telhado de casa gerando energia ainda é um luxo para a maioria das pessoas. Pensando nisso, uma startup de Curitiba encontrou uma forma de driblar os custos elevados dos sistemas fotovoltaicos e torná-los mais acessíveis ao bolso dos consumidores. Desde o início deste ano, a Renova Green oferece o serviço de energia solar por assinatura, similar aos planos de TV a cabo, que permite que o cliente gere a própria energia em casa sem precisar comprar os painéis solares.
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Em vez de vender os equipamentos, a startup “empresta” o sistema – composto por duas placas solares mais os acessórios de conexão – e o cliente paga uma assinatura mensal de R$ 19,90, além do custo da instalação (R$ 199). Cada painel tem potência de 600 watt-pico (Wp) ou 60 quilowatts-hora (kwh) por mês, capaz de gerar uma economia média de R$ 40 mensais na conta de luz. Se desejar, o consumidor também pode comprar o kit. Neste caso, por R$ 2.999, ele leva uma placa solar, além dos acessórios para conexão com a residência e com a rede da concessionária. Um sistema com dois painéis custa R$ 3.999.
Da sala de aula para o mercado
Formado em 2011 em Engenharia Elétrica, Reinaldo, de 28 anos, trabalhou até 2013 no setor de Óleo e Gás, embarcado em plataformas de extração de petróleo. Mas a rotina desgastante da profissão em alto mar o fez mudar de direção e retornar a Curitiba. Aqui, ele voltou para a sala de aula, onde tomou gosto pelas questões relacionadas à sustentabilidade e ao empreendedorismo. Em agosto de 2015 ele pediu demissão do emprego e passou a se dedicar 100% ao projeto da startup que nasceu dentro do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “A Renova Green começou há cerca de um ano com o objetivo de popularizar a questão da sustentabilidade, fontes renováveis de energia, eficiência energética e consumo consciente da água. Quando a gente nasceu queríamos abraçar o mundo”, brinca o empreendedor.
Vender o kit no varejo, aliás, era a ideia inicial da Renova Green, mas os donos do negócio esbarraram na negativa das principais lojas do setor, como Balaroti, Cassol e Leroy Merlin.
“Os varejistas não nos deram abertura. Ficamos com os produtos para venda no site da startup, mas continuamos tendo dificuldades. Mesmo por esse valor, os kits não tinham saída. As pessoas ainda achavam caro”, conta Reinaldo Cardoso de Lima Neto, que é CEO e cofundador da Renova Green.
Foi aí que, inspirados pelo case de sucesso da empresa norte-americana Solar City, maior instaladora de painéis fotovoltaicos dos Estados Unidos, eles partiram para o modelo de assinatura. Neto e a sócia investiram R$ 60 mil em economias próprias para dar o pontapé inicial no negócio.
Ao “emprestar” o sistema fotovoltaico, a startup reduz o custo para os clientes, que não são donos do bem, mas se beneficiam dele. O retorno do investimento se dá no longo prazo, no decorrer da vida útil do equipamento do equipamento, que vai de 25 a 30 anos.
Procura
O serviço está disponível há pouco mais de uma semana para a região de Curitiba. Nesse período, o número de pessoas interessadas que se cadastraram no site da startup já é maior do que a capacidade da empresa, hoje limitada a apenas 20 sistemas fotovoltaicos. Para tornar o negócio sustentável, de forma que os sócios não precisem mais colocar dinheiro próprio, Neto estima que sejam necessárias cinco mil assinaturas.
Como a expansão do negócio depende de mais recursos, o objetivo da Renova Green agora é fisgar o coração de um investidor que esteja disposto a aportar R$ 15 milhões. A primeira oportunidade será no fim deste mês, dia 31, quando a startup fará uma apresentação para investidores dentro do processo de aceleração do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do qual participa.
Hoje, para suprir a demanda de uma casa com quatro pessoas, por exemplo, é preciso investir entre R$ 15 mil a R$ 20 mil, quantia inviável para a maioria das pessoas, segundo o CEO da Renova Green. “Nosso objetivo era desenvolver um sistema modular de baixo custo na área de energia solar para o consumidor residencial”, diz. Isso foi possível graças à padronização do sistema, que reduziu os custos da engenharia e do dimensionamento dos projetos.