A analista da Standard & Poor’s para o Brasil Lisa Schineller, em conferência sobre o rebaixamento do Brasil a grau especulativo, reconheceu as tentativas do ministro Joaquim Levy (Fazenda) para conter gastos, mas questionou a possibilidade de sucesso dos esforços.
“Observamos que o ministro planeja pôr em ação medidas de recuperação, mas temos incertezas quanto à viabilidade e o sucesso disso”, afirmou Lisa Schineller, nesta quinta-feira (10).
Outro analista da equipe, Roberto Sifon-Arevalo afirmou que, em 2008, quando o Brasil ganhou o selo de bom pagador da agência, alguns indicadores necessários não foram observados, mas que havia confiança de que seriam alcançados.
O que motivou o rebaixamento, desta vez, foi o entendimento de que os planos do governo não indicam mais preceitos necessários para a manutenção do selo de bom pagador.
“Nos últimos meses, discutimos muito com investidores e analistas que questionavam a solidez do Brasil e apoiávamos nossa decisão [de manter o grau de investimento] nos planos que o país apresentava. É importante dizer que o mesmo que valia em 2008 vale agora. O que olhamos é o plano”, afirmou.
Schineller citou a falta de “coesão” e “comprometimento” do governo “como um todo” em implementar políticas econômicas.
O envio de projeto de Orçamento ao Congresso com previsão de deficit causou questionamentos sobre a capacidade para reverter o quadro de retração.
“Sim, nos movemos rápido”, disse a analista sobre a decisão de rebaixar a nota do país. “Mas foi uma decisão de peso. Precisaríamos ver mudanças importantes [para voltar a revisar a nota]”, disse. Schineller afirmou que a S&P não fixa um prazo para novas avaliações.
A S&P afirmou que, se de um lado, a investigação sobre denúncias de corrupção na Petrobras corrobora o entendimento de que as instituições políticas brasileiras são sólidas, traz um impacto negativo a curto prazo no crescimento do país.
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