O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (29), no final da tarde, que em sua opinião está na hora do governo e do Congresso dos Estados Unidos assumirem a responsabilidade que lhes cabe pela crise econômica. "Ou seja, não permitir que a disputa eleitoral que vai se dar em novembro, ocorra na discussão do plano econômico", disse em entrevista ao deixar a Academia Brasileira de Letras, no Rio. "Eles criaram um rombo no sistema financeiro, então agora têm que tapar", disse.
Segundo o presidente isso é necessário para deixar o mundo tranqüilo. Lula declarou que em sua avaliação o pacote de medidas proposto pelo governo americano contra a crise financeira "foi rejeitado porque nesta altura do campeonato tem gente tentando tirar proveito da situação.
Lula continuou declarando pensar que a responsabilidade que os americanos têm diante do mundo pela crise vai obrigá-los a tomar uma posição definitiva. "Ali não existe meio termo. Ou assumem a responsabilidade de assumir o rombo que eles permitiram que fosse criado. Ou vão criar uma crise muito séria para o mundo inteiro.
O presidente declarou também que o governo brasileiro está consciente do que está acontecendo e da gravidade da crise. Lula relatou que conversou com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e que tem feito reuniões sistemáticas com a equipe econômica. "Nós estamos tranqüilos que vamos tocar o barco do jeito que a gente está tocando. Afinal de contas, o Brasil não vai jogar fora esta oportunidade.
Lula afirmou que o governo sabe que a crise pode diminuir o crédito. Por outro lado, que há segurança de que as exportações brasileiras continuam indo bem, assim como as importações de máquinas e equipamentos. "A nossa indústria continua crescendo. Temos projetos importantes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Temos projetos importantes de estrutura e não vamos paralisar.
Segundo o presidente, não é justo que os países latino-americanos, africanos e asiáticos "paguem" pela irresponsabilidade do setor financeiro norte-americano. Ele lembrou que não há limites para a alavancagem de bancos de investimentos. "Eles (EUA) precisam ter responsabilidade porque os países emergentes e os países pobres que fizeram tudo para ter uma boa política fiscal, para fazer a economia estabilizar-se, não podem ser vítimas do cassino que eles montaram.
Ele afirmou ainda que não é só a Bolsa de Valores no Brasil que está caindo, mas as bolsas de valores do mundo inteiro. "Normalmente num momento de nervosismo econômico a bolsa no mundo inteiro cai", disse Lula.
O índice Bovespa fechou em queda de 9,36% hoje, a maior queda desde 14 de janeiro de 1999. Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones registrou queda de 6,98% e o Nasdaq despencou 9,14%. Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em queda de 5,30%, a Bolsa de Paris perdeu 5,04% e a Bolsa de Frankfurt, -4,23%.
- Bovespa encerra pregão com maior baixa em quase dez anos
- Dólar sobe 6% e fecha a R$ 1,96 com rejeição de pacote nos EUA
- Alta do dólar vai elevar IGP-M em outubro
- Bovespa cai mais de 10% e pára de funcionar
- Crise global não cede. Bovespa despenca e dólar passa de R$ 1,90
- Câmara dos EUA rejeita pacote de US$ 700 bilhões
Eleições em 2025 serão decisivas na disputa entre esquerda e direita na América do Sul
Exército inaugura primeira unidade militar brasileira especializada em destruir tanques
Qual será a agenda econômica para 2025?
Desempenho fraco de alunos de escolas privadas em matemática expõe crise da educação no Brasil
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast