A turbulência do cenário externo levou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a mais um forte tombo. O Índice Bovespa despencou 3,25% nesta quinta-feira e fechou aos 28.344 pontos. Os negócios na bolsa paulista totalizaram R$ 2,144 bilhões. Com o resultado, as perdas acumuladas em outubro somam 10,26%.
O dólar à vista fechou praticamente estável nesta quinta-feira de volatilidade nos mercados em geral. A moeda americana terminou o dia em baixa de 0,04%, cotada a R$ 2,248 na compra e R$ 2,250 na venda.
O EMBI+ Brasil, que mede o risco-país brasileiro, fechou aos 379 pontos centesimais nesta quinta-feira, em alta de 7 pontos no dia. Entre a mínima e a máxima, o indicador oscilou de 362 e 380 pontos. O risco-país da Argentina subiu 13 pontos, para 418 pontos centesimais.
O resultado final da bolsa nem lembra os bons momentos registrados pela manhã. O Ibovespa chegou a subir 2,31% no início dia, embalado pela queda de juros e pelo desempenho positivo das bolsas americanas. O humor azedou à tarde, após uma manhã repleta de divulgações de indicadores econômicos e resultados corporativos.
- O problema central dos mercados é o receio de que a inflação americana suba e obrigue o Federal Reserve a elevar os juros em ritmo maior. No dia-a-dia, o mercado repercute fatos efêmeros, que ora levam a uma reação positiva, ora levam ao nervosismo - disse Nicolas Balafas, consultor de investimentos da corretora Souza Barros.
Na quarta-feira, o mercado demonstrou alívio com o "Livro Bege", que traz detalhes sobre a economia americana. Nesta quinta, declarações do presidente do Fed de Atlanta, Jack Guynn, ajudaram a agitar os mercados. Ele disse considerar que a inflação está sob controle, embora tenha alertado sobre a possibilidade de surpresas na economia americana obrigarem a instituição a mudar de postura.
Os fundos estrangeiros voltaram a liderar as ordens de venda no mercado de ações. Segundo Balafas, a venda agressiva de ações brasileiras acontece porque os ganhos acumulados em dólar na Bovespa são bem maiores que o resultado nominal. Com isso, os investidores realizam lucros e ajustam posições.
Alguns operadores observaram uma grande venda de participações no fundo PIBB (Papéis Índice Brasil Bovespa). Com isso, as ações da Petrobras e Vale do Rio Doce tiveram quedas superiores à média do mercado. No caso da Petrobras, houve ainda a influência externa das ações do setor petrolífero. Petrobras PN caiu 4,96% e Vale PNA, de 3,26%.
Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, as maiores quedas foram de Embratel Participações PN (-8,84%) e Tele Leste Celular PN (-7,74%). As altas mais significativas foram de Telesp PN (+3,01%) e Souza Cruz ON (+2,68%).
Câmbio
Não houve grande novidade para o mercado de câmbio, que contou com fluxo positivo por todo o dia. A moeda chegou a cair 0,80%, a R$ 2,233 na ponta de venda. A redução dos juros básicos da economia em tese favoreceria a alta do dólar, mas em nenhum momento gerou pressão.
- O mercado internacional continuou como principal referência dos negócios, juntamente com o fluxo cambial. E como os exportadores venderam boas quantias, a cotação ficou em baixa na maior parte do tempo - disse o gerente de câmbio de um grande banco.
Como já era esperado, o Banco Central fez mais um leilão de compra de dólares diretamente no mercado à vista. O BC pagou R$ 2,246 pelos recursos e enxugou parte da liquidez. A piora dos títulos da dívida e do risco-país brasileiro também contribuíram para a redução do ritmo de baixa.
Juros
As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em queda generalizada. O movimento foi de ajuste à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 19% ao ano.
As apostas do mercado futuro mostravam que a maioria das posições eram de um corte de 0,25 ponto nos juros básicos. Com a concessão de um corte maior, toda a curva de juros teve de ser corrigida.
O Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2006 fechou com taxa de 18,63% ao ano, contra 18,84% do fechamento de quarta-feira. A taxa de outubro de 2006 recuou de 17,96% para 17,69%. O DI de janeiro de 2007 fechou com taxa se 17,54% anuais, frente aos 17,77% anteriores.
Paralelo
O dólar paralelo negociado em São Paulo fechou estável mais uma vez, terminando o dia a R$ 2,40 na compra e R$ 2,50 na venda. O dólar turismo de São Paulo subiu 0,85%, a R$ 2,22 e R$ 2,37 na compra e venda, respectivamente.
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