O presidente-executivo da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, negou nesta sexta-feira (26) problemas no comércio de minério de ferro com a China, afirmando que o fluxo da commodity segue normal, assim como as compras dos chineses.

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A mídia chinesa veiculou nos últimos dias, e novamente nesta sexta-feira, notícias de que algumas grandes siderúrgicas do país substituiriam o minério brasileiro por outras origens devido ao aumento do preço pedido pela Vale, que ficaria, segundo Agnelli, em torno de 11%.

"Isso tudo é oba-oba. O maior 'market share' da China é a Vale. Se parar a exportação, a siderurgia chinesa pára", afirmou Agnelli a jornalistas, acrescentando que as negociações para o aumento adicional prosseguem. Renegociação

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Tradicionalmente as mineradoras fecham contratos anuais que estabelecem os preços do minério de ferro para todo o ano, os chamados contratos de longo prazo. Geralmente, as empresas seguem os acordos fechados pelas concorrentes no início do ano.

Neste ano, no entanto, essa tradição foi quebrada, depois que as anglo-australianas BHP e Rio Tinto decidiram não seguir o aumento de 65% a 71% obtido pela Vale. Elas pediram mais aos chineses, alegando que gastam menos para transportar o minério produzido na Austrália, e conseguiram.

Com a brusca queda nos fretes a partir da metade do ano, no entanto, a Vale decidiu buscar novo aumento fora da época normal de negociação. Agnelli afirma que a redução nos gastos com transporte compensaria a alta no preço do minério.

"Na prática, o chinês não vai ter aumento. A queda no preço do frete compensa qualquer movimento da Vale. O chinês está gritando e chorando, mas não perde nada. O preço é igual."

O executivo acrescentou que até o momento a empresa não recebeu nenhum comunicado formal de alguma companhia chinesa sobre interrupção no relacionamento comercial. Crise e demanda

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Sobre a crise financeira e o eventual impacto nas empresas brasileiras, Agnelli afirmou que os reflexos podem durar algum tempo, mas que os problemas são contornáveis. Ele afirmou que a empresa está sólida após recentes captações.

"Está capitalizada, com projetos em desenvolvimento, mercados bons, e custos bem. Nada mudou em termos de estratégia e visão. Nossa visão é de longo prazo, com crescimento preferencialmente orgânico", disse.

"Vai ter uma solução (para a crise). Nunca vi uma tragédia pré-anunciada. A expectativa é de que as coisas se acertem. No lado real, é tirar o excesso de espuma do chope", disse ele, acrescentando que a economia mundial passava por um desequilíbrio pela forte demanda de vários países por produtos primários.

Agnelli informou que a empresa continua operando no limite da capacidade de produção e que não há sinais de enfraquecimento da demanda.

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