Desfile da Calvin Klein na Semana de Moda de Nova York| Foto: AFP PHOTO/Emmanuel Dunand

Pequenas ações que fazem a diferença

A notícia de um esquema de desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa em 2010 causou indignação em um grupo de jovens curitibanos. "Era a época do nosso primeiro voto, sentíamos que era necessário fazer algo, mas nos demos conta de que não sabíamos como", conta Ramon Bentivenha, estudante de Direito da Unicuritiba.

Depois de estudar e pensar em alternativas, Ramon e outros amigos criaram o Instituto Atuação Paraná (IAPR), uma entidade apartidária de promoção da democracia. Hoje, o IAPR já fechou diversas parcerias e realizou vários eventos, como um debate com os candidatos à Prefeitura de Curitiba.

Para quem quer começar, mas não sabe como, Ramon dá uma dica. "São pequenas ações que fazem a diferença. Não precisa passar 24 horas nisso, cinco minutos diários de informação ou a interação com um meio de informação já farão a diferença", afirma.

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Existe um modo enriquecedor de passar os anos. É o daqueles que assumem as rédeas da própria vida. Na prática, essa atitude não diz respeito apenas às decisões de âmbito pessoal, mas inclui também aquelas tomadas em sociedade. Os assuntos tratados na última reunião da comissão de formatura ou as eleições deste ano para prefeito e vereador, por exemplo, terão consequências importantes para um universitário. Por mais chatos que esses temas possam parecer para alguns, estar, saber e opinar farão a diferença. E para sair da apatia, não é preciso muito mais do que interessar-se, perder o medo de se comprometer e agir de acordo com as próprias capacidades. Confira abaixo algumas sugestões de como dar esse passo ou melhorá-lo reunidas por jornalistas da redação da Gazeta do Povo e pelos professores de Sociologia Política Cezar Bueno, da PUCPR, e Valeriano Mendes Ferreira Costa, da Unicamp.

1. Saber como as coisas funcionam

Uma criança pode ter medo de ir ao banco por receio a se equivocar e ser enganada. Da mesma forma, um jovem só se retrai se não sabe bem como atuar em determinadas circunstâncias. A solução é sair da ignorância e arriscar. "Quanto maior o nível de informação da pessoa, menor é o seu distanciamento da política", afirma Ferreira Costa, da Unicamp.

Para saber mais é importante buscar boas fontes de informação. "Os professores, a imprensa, pais e amigos e até a própria internet são aliados nesta tarefa", continua ferreira Costa. Basta dar um "Google" para encontrar de tudo, desde como funciona o Congresso Nacional até assistir a vídeos-aulas de universidades estrangeiras.

2. Formar a própria opinião

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Não basta sair com um cartaz pelas ruas pedindo 10% do PIB para a educação sem saber o que isso significa. É fundamental se informar – ler jornais, falar com pais e professores – para se interar porque alguns defendem uma determinada posição e outros não. "Se uma pessoa não tem uma posição clara ou está pouco informada, o seu papel é passivo e pouco relevante, ainda que faça barulho", alerta Ferreira Costa.

3. Saber ouvir opiniões contrárias

Opiniões diferentes não são perigosas e, muito menos, ofensas pessoais. É preciso saber ouvir teses contrárias, pois isso ajuda a racionar, decidir e argumentar. "É preciso não acreditar em tudo, mas evitar também a visão extremada de que tudo é mentira", diz Ferreira Costa.

4. Tomar atitudes

"Se o jovem não se manifesta, alguém o fará por ele. E a omissão acaba dando carta branca a pessoas que tomam atitudes que podem ir contra o que ele pensa", diz Cezar Bueno. O professor lembra ainda que o próprio fato de agir já é uma vitória, mesmo que o resultado final não seja o desejado.

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5. Entender o que é ser democrático

Ao longo da história, muitas pessoas deram a vida pelo Estado Democrático de Direito. Nesse cenário, a democracia só se dá onde há o respeito pelos direitos humanos, independentemente dos humores da massa. Por isso, nem tudo se pode decidir em assembleia – por exemplo, não seria democrático deliberar por maioria de votos que um inocente deve morrer. Para quem quer saber mais, um livro acessível é Democracia e seus críticos, de Robert Dahl.