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Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade, faz parte da lista de obras obrigatórias do vestibular da UFPR. | Felipe Lima / Gazeta do Povo
Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade, faz parte da lista de obras obrigatórias do vestibular da UFPR.| Foto: Felipe Lima / Gazeta do Povo

Oficina Irritada, de Carlos Drummond de Andrade

Eu quero compor um soneto duroComo poeta algum ousara escrever.Eu quero pintar um soneto escuro,Seco, abafado, difícil de ler.Quero que meu soneto, no futuro,Não desperte em ninguém nenhum prazer.E que, no seu maligno ar imaturo,Ao mesmo tempo saiba ser, não ser.Esse meu verbo antipático e impuroHá de pungir, há de fazer sofrer,Tendão de vênus sob o pedicuro.Ninguém o lembrará: tiro no muro,Cão mijando no caos, enquanto arcturo,Claro enigma, se deixa surpreender.

Epígrafe

A epígrafe é uma citação feita no início de uma obra, geralmente por outro autor, que serve para introduzir a ideia do livro. No caso de Claro Enigma, ela é feita pelo francês Paul Valéry e é fundamental para o estudante, pois resume as características que marcam a poesia desse livro de Drummond.

O autor

Carlos Drummond de Andrade é representante da segunda fase da geração modernista, que pregava versos livres na poesia – bem diferente do que era feito na poesia clássica, que se preocupava essencialmente com a forma. Embora seja conhecido pela obra poética, também escreveu prosa.

Um Drummond mais amargo e reflexivo sobre a condição humana no mundo. É isso que o vestibulando vai encontrar ao ler o Claro Enigma, uma das novidades na lista de obras indicadas para o próximo vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O livro, de 1951, é considerado um rompimento no trabalho do autor por ser diferente do que ele fazia até então – Carlos Drummond de Andrade faz parte da segunda geração modernista da década de 1930. O poeta engajado e contestador dá espaço a alguém mais filosófico e reflexivo.

Os temas da obra versam sobre ausência, vida, amor, tempo e sexo. São essas características que o estudante deve buscar durante a leitura dos poemas. Para entendê-las, é preciso ter em mente o contexto histórico da produção do livro: o pós-segunda guerra mundial. "Drummond está sem esperança. Para ele, o que espera o homem é um grande vazio", diz a professora e coordenadora nacional de Literatura do Colégio Bom Jesus, Claudia Cecília Correa Pedroso.

Forma

Além da temática, a forma dos poemas de Claro Enigma também é diferente de outras obras de Drummond. Nele existe uma preocupação maior com o poema clássico, negado pela geração modernista da qual ele faz parte. Inclusive, alguns poemas são sonetos – compostos por 14 versos – e fazem referência à poesia formal.

Um exemplo importante é o poema "Oficina Irritada", em que a preocupação com a forma se mostra forte e mais importante que o próprio conteúdo. Outro exemplo é "A máquina do mundo". Além da excessiva preocupação com os versos e com a estética da estrutura, ele é um dos mais representativos do livro e da carreira do autor.

Como ler

A leitura de um livro de poesia não é como a de um romance. Quando o vestibulando estiver com Claro Enigma nas mãos, ele não precisa se preocupar em ler os poemas em ordem. "A dica é focar em dois ou três por dia, prestando atenção nas características e no tema de cada um", sugere o professor do Colégio Acesso e do Curso Apogeu Gilberto Alves da Rocha.

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Livros UFPR 2013 | 4:40

Confira os comentários do professor de literatura Gilberto Rocha sobre a obra Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade.

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