Para MPF e OAB, erro pode anular Enem
O problema na impressão do cartão de resposta do Enem pode levar à anulação da prova, de acordo com a procuradora Maria Luíza Grabner, do Ministério Público Federal em São Paulo. Ela recomenda que estudantes que se sentirem prejudicados pelas falhas procurem o órgão para fazerem uma representação.
A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de São Paulo (OAB-SP), também avalia que o erro de impressão gráfica é motivo suficiente para anulação do exame.
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- Primeiro dia do Enem teve abstenção de 27%
Os estudantes que preencheram o gabarito do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de forma errada, por falta de orientação, poderão abrir um requerimento pela internet solicitando a revisão das suas notas. As reclamações devem ser feitas a partir da semana que vem no mesmo site usado pelos alunos para a inscrição no Enem (www.enem.inep.gov.br).
Segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Joaquim José Soares Neto, não existe a menor possibilidade de o exame ser anulado. Ele informou ainda que o órgão avaliará requerimento por requerimento.
Soares Neto convocou uma entrevista coletiva no fim da tarde de sábado para prestar esclarecimentos. O presidente do Inep confirmou que houve um erro no cabeçalho do cartão resposta. No caderno de provas, as questões de Ciências Humanas vinham numeradas de 1 a 45, enquanto as perguntas 46 a 90 eram de Ciências da Natureza. Já no gabarito aparecia o inverso: segundo o cabeçalho, as questões 1 a 45 representavam a prova de Ciências da Natureza e os exercícios 46 a 90, a de Ciências Humanas.
Segundo a assessoria do Ministério da Educação (MEC), após detectado o problema, os estudantes foram orientados a desconsiderar o cabeçalho do gabarito e a preencher o as respostas na ordem em que apareciam nas provas.
O presidente do Inep disse que soube do problema por volta das 13h, horário de início das provas, e que a instrução aos fiscais foi clara, específica e rápida. Nem todos os candidatos, porém, foram informados corretamente. Na sala de Paulo Henrique Silva Meira, 17 anos, a orientação era seguir a ordem numérica do gabarito. Ele conta que fez o Enem para disputar uma vaga no curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Este ano, a UFPR vai destinar cerca de 10% das vagas de cada graduação para o Sisu, sistema eletrônico que seleciona candidatos a instituições públicas exclusivamente pela nota do Enem.
A inversão das questões no caderno de questões e no cartão resposta foi apenas um dos erros encontrados nas provas pelos estudantes talvez o mais fácil de ser corrigido. O funcionário público Silvano Andrade, 35 anos, encontrou questões repetidas com numerações diferentes e questões diferentes com o mesmo número. "Estou tentando identificar outros problemas, mas existe pelo menos meia dúzia de erros. Isso está me cheirando a sabotagem política", afirmou ele, que fez as provas na Faculdade Opet, em Curitiba.
"Na segunda-feira eu pretendo comunicar o Ministério Público Federal para entrar com uma ação para realizar uma nova prova", adiantou. Ele disse ainda que, apesar de terem oferecido um nova prova, não quis aceitar porque sentiu que desta forma poderia ser mais prejudicado ainda.
Em casos como esse, de erro de impressão, a prova deveria ter sido substituída. "Em algumas provas amarelas parece que tinha uma página duplicada, com conteúdo de outro caderno. O que fizemos imediatamente? Orientamos os fiscais a trocarem prova. Todo colégio tem uma reserva técnica de 10% de provas", afirmou o presidente do Inep. O Enem tem provas em quatro versões, de cores diferentes.
Nas provas amarelas, segundo estudantes ouvidos pelo Vestibular, também faltavam várias questões. "Faltavam as questões 20, 30 e 31. Da 19, a prova ia direto para a 21. Os fiscais nos avisaram que deveríamos deixar o gabarito em branco nesses casos e escrever atrás do cartão o que havia acontecido", contou a estudante Mariana Alves da Rocha, 17 anos.
Irmão mais velho de Mariana, Guilherme também fez o Enem e recebeu orientação parecida. "Depois de uma hora de exame, eles perguntaram se queríamos uma nova prova. Mas eu não quis, porque iria perder muito tempo passando novamente as respostas. Eles disseram que poderíamos deixar em branco o gabarito das questões que estavam faltando".
Segundo o presidente do Inep, a prioridade foi orientar os alunos e somente agora eles começarão a apurar os culpados pelos erros. Quanto aos problemas na prova amarela, ele afirmou serem erros de ordem gráfica que serão apurados depois.
Amanhã o Enem continua com as provas de Linguagens, Matemática e Redação. O exame começa às 13h, mas os portões serão fechados às 12h55. Os estudantes terão cinco horas e meia para realizar as provas. O Inep informou que fez uma varredura nas provas de domingo e que não encontrou problemas.