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Mesmo após perder o cinturão dos médios, o brasileiro Anderson Silva ainda é um dos principais 'produtos' do UFC | Divulgação/ California Filmes
Mesmo após perder o cinturão dos médios, o brasileiro Anderson Silva ainda é um dos principais 'produtos' do UFC| Foto: Divulgação/ California Filmes

Como se estivesse de luto, Anderson Silva vestiu apenas preto na última coletiva de imprensa antes de sua volta ao octógono do UFC, hoje, em Las Vegas, nos Estados Unidos.

Sentado ao lado do empresário – e também tradutor – Ed Soares, o lutador calçava coturnos, calça e camiseta negros, esta com detalhe de caveira nas mangas. Por trás dos óculos de grau com armação que combinava com o traje, observava um batalhão de jornalistas e, atrás deles, dezenas de fãs gritavam seu nome no salão número 2 da MGM Grand Garden Arena. Tudo isso, vigiado por dois enormes e mal-encarados seguranças.

Talvez inconscientemente, ainda velava a si mesmo. Há exatos 399 dias, o chute baixo com a perna esquerda parou no joelho esquerdo de Chris Weidman e ameaçou até o fim da carreira do maior campeão da história do UFC, dono de dez defesas de cinturão. Fratura de tíbia e de fíbula. Dois meses para voltar a colocar o pé no chão. Dor. Três meses para retornar aos treinos leves. Treze meses para poder lutar novamente.

Agora, o recomeço acontece aos 39 anos. "Sempre é uma nova história... você tem de escrever um novo capítulo na vida, e é o que estou fazendo agora. Estou muito feliz", resume o 'novo' Spider. "É um renascimento", ressalta o lutador Rodrigo Minotauro Nogueira, que acompanhou toda recuperação do amigo.

A felicidade do atleta criado em Curitiba é a mesma dos patrões dele. Depois do doping por cocaína do campeão dos meio-pesados (até 93 kg) Jon Jones, a imagem limpa e transparente de Anderson Silva ganha ainda mais peso na organização. Tanto que, se vencer, disputará o cinturão contra o vencedor de Weidman e Vitor Belfort, que lutam no dia 28 de fevereiro.

A capital mundial da luta tem outdoors do retorno da lenda do MMA por todos os lados. Na televisão, o comercial é incessantemente mostrado pelo canal Fox Sports. Potencial superluta, assunto que Anderson esquiva como se desviasse de um golpe certeiro. Para ele, o momento é de aproveitar.

"Vou para fazer o que gosto, principalmente. Claro que existe competição e todo mundo quer ganhar", fala, pouco depois de responder a mais um das dezenas de questionamentos sobre a perna que estava lesionada.

"Hoje eu diria que ele está 100%. A ansiedade maior é por lutar e provar isso para ele mesmo. Ele foi ganhando confiança nos treinos e teve uma reabilitação acima da média", garante o diretor médico do UFC no Brasil, Márcio Tannure, que há uma década acompanha de perto a carreira do Spider.

Estar perto da família, que no início não queria Anderson de volta nos ringues, foi fator fundamental para a recuperação plena do veterano. Desde 2006, quando venceu o título dos médios (até 84 kg), ele não ficava mais de seis meses no ano ao lado da esposa e dos filhos.

Assim, a vontade de se aposentar foi embora e o objetivo de se levantar ganhou força. Las Vegas, local onde Anderson mais lutou – foram oito apresentações –, ganhou e perdeu o título, está prestes a receber de presente mais um momento inesquecível na carreira do brasileiro.

Quem sabe com surpresa. "Ele está usando muito a perna quebrada e chutando com confiança novamente. Se bobear, é a perna que vai decidir a luta. Não duvide", prevê Minotauro.

O jornalista viajou a convite da Las Vegas Convention & Visitors Authority

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