De todos é sabido que o dinheiro a ser usado para a construção da Arena vem do governo do estado. O contrato de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda não foi assinado pelo Palácio Iguaçu. O banco estatal não empresta dinheiro para clube de futebol. E faz bem. Deve satisfações ao Banco Central, precisa cumprir seus deveres e não pode correr o risco de levar um calote, coisa muito comum no futebol brasileiro. O prazo estabelecido pelo BNDES está se esgotando. Faltam poucos dias. Com tantos problemas que estão acontecendo, o governador Beto Richa deve estar preocupado.
Ao governo estadual caberá pagar o financiamento dos R$ 131,2 milhões necessários para completar a obra do Estádio Joaquim Américo. As garantias que o Atlético oferece são o CT do Caju e o potencial construtivo. A primeira garantia é legítima. Trata-se de um bem imóvel de propriedade do Rubro-Negro, disponível para qualquer transação comercial ou bancária. Já o potencial construtivo é receita pública e não garante a dívida do governo estadual com o banco por se tratar de uma expectativa de venda de cotas que cubram o dinheiro que será ou seria repassado ao Atlético para levar as obras até o final sem percalços.
Diferente seria se o Atlético fizesse uma parceria com uma construtora de porte e com lastro suficiente para tomar o dinheiro emprestado diretamente do BNDES. Assim procedeu o Grêmio Porto-Alegrense ao firmar contrato com a empreiteira OAS e com a nova arena tricolor sendo inaugurada nos primeiros dias de dezembro. Tudo feito com transparência.
Um obstáculo recentíssimo para complicar ainda mais a engenharia financeira para o Atlético é a denúncia de superfaturamento em serviços prestados ao clube. Segundo o que consta do texto do mandado de segurança impetrado pela empresa do filho do presidente atleticano no fórum de Brasília, as mesmas cadeiras (padrão Fifa) custariam para o estádio da capital federal a importância, em números redondos, de R$ 160.
As mesmas cadeiras, para a Arena da Baixada, foram adquiridas pelo CAP pelo valor unitário de R$ 259, muito mais caras do que para o Estádio Nacional Mané Garrincha.
Trata-se de um descabido protecionismo ao filho do presidente do Atlético, sócio da Kango, que está vendendo para o Atlético cadeiras mais caras do que dois outros concorrentes que participaram do processo licitatório.
Como o poder público paranaense assume todos os riscos pelo pagamento ao BNDES e a prefeitura de Curitiba emite os títulos do potencial construtivo, espera-se que a transparência seja uma realidade. Terminados os mandatos de Beto Richa, Luciano Ducci e Mario Celso Petraglia, como será depois?
Melhor, mais ético, correto e seguro seria o Atlético fazer como o Grêmio, estabelecer uma parceria com uma construtora idônea para realizar a obra sem criar um clima de desconfiança entre atleticanos e os paranaenses de forma geral.
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