O que acontecia na época
Eram os anos 70, ou um pouco além da metade deles. O sonho de paz dos hippies já era há muito tempo, os Estados Unidos ainda se lascavam no Vietnã, e as pessoas ainda acreditavam que os Beatles um dia ainda se reuniriam novamente. Em Curitiba, a vida não parecia tão emocionante, exceto quando se conseguia levar a namorada ao cinema. Bons filmes, pelo menos, não faltavam. "Os três dias de condor", com o galã Robert Redford estava em cartaz no Bristol da Mateus Leme. Enquanto "Papillon", com a dupla Dustin Hoffman e Steve McQueen, era uma opção no Supercine Ribalta.
Londrina e Coritiba se enfrentam hoje à tarde, encontro que vale o título do primeiro turno do Festival Araucariano de Futebol, ou Campeonato Paranaense, como você preferir. Confronto clássico do esporte local, disputado mais de uma centena de vezes.
Uma delas, no dia 27 de junho de 1976, também em jogo válido pelo Estadual. E da mesma maneira que hoje, o duelo estava agendado para a pujante cidade do Norte do Paraná. No entanto, em outra praça esportiva.
O Estádio do Café, palco da partida de logo mais, viria a ser inaugurado pouco tempo depois com um empate, por 1 a 1, entre o Londrina e o Flamengo de Zico. O cotejo se desenvolveu no acanhado Vitorino Gonçalves Dias, encravado no centro da cidade.
Naquele ano, o Coxa viria a conquistar o hexacampeonato do Paranaense e mantinha ainda alguns de seus destaques desta que foi a principal dinastia do futebol local, junto com o Britânia, clube que também enfileirou seis canecos lá pelos anos 20.
A representação alviverde, no entanto, teria parada duríssima pela frente. Assim que a bola rolou no gramado multifacetado do VGD, o Tubarão partiu para cima, embalado pelos quase 10 mil torcedores presentes.
O furor londrinense, entretanto, acabou parando no goleiro Jairo, justificando a fama de Pantera. Os coritibanos tentavam responder, mas esbarravam na bem postada defesa azul e branca, composta por Lauro, Raimundo, Arengue e Dirceu.
Para o delírio da audiência, o placar zerado não durou muito na volta do intervalo. Aos 14 minutos, Oberdã falhou e Anderson fulminou Jairo: 1 a 0 para os donos da casa.
Em débito, o zagueirão resolveu tomar uma atitude e se mandou para o ataque. Avanço que rendeu o gol de empate, anotado de cabeça, por cobertura na saída de Paulo Rogério: 1 a 1, apreensão total nas arquibancadas.
Até que aos 22 minutos, Carlos Alberto fez explodir o Vitorino. O meia acolheu a bola no peito e sem deixar cair mandou um petardo no ângulo de Jairo: 2 a 1, placar final. Quem viu, relatou que o arremate foi "sem apelação".