O final de ano é propício para balanços e retrospectos, entretanto o enigma do futebol paranaense só poderá ser decifrado no futuro diante dos inúmeros fracassos registrados no passado recente.
Um ano que se prenunciou radiante para o Coritiba terminou de maneira frustrante com a perda da vaga na Libertadores para o Vasco, em pleno Alto da Glória, repetida na derrota para o cambaleante Atlético na melancólica despedida deste da Série A. O Furacão, por sua vez, conseguiu realizar a pior performance de sua existência, perdendo tudo o que disputou, exercitando inexplicável troca de dirigentes, técnicos e jogadores durante a temporada inteira até cair para a Segundona nacional. O Paraná conseguiu ser mais imperfeito, pois além dos graves dramas financeiros, administrativos e políticos, constituiu-se em verdadeiro desastre no futebol. A queda para a Série B estadual foi "de cabo de esquadra", como dizia aquele personagem de Eça de Queirós.
Esqueçamos o passado e tentemos desvendar o enigma do futebol paranaense no futuro.
Promessas existem. Algumas viáveis, outras nem tanto. Tudo passa pela capacidade econômica dos clubes e, pelo que se observa, o único com dinheiro em caixa é o Atlético.
E não será por falta de tarefas que a nova diretoria atleticana ficará entediada. Os planos são ambiciosos, com destaque para a conclusão da Arena da Baixada e a formação de um time verdadeiramente competitivo.
A diretoria do Coritiba reconheceu o elevado passivo e avisou a torcida que o time será competente, porém sem o recheio de craques. Mas não perde de vista o planejamento estratégico para a imprescindível consolidação patrimonial que definirá o amanhã do Coxa.
Enquanto as metas empresariais e as transações financeiras passam longe do torcedor, ele tem à sua disposição o campo de futebol, que é a grande tela reconhecível na qual a ação humana, o acaso e o destino contracenam de maneira lúdica e trágica, alegre e triste, cômica e lírica.
Em certa medida, o futebol torna verificáveis os valores e os méritos que a vida embaralha, confunde, oculta e perverte. Mas o futebol só faz isso até certo ponto: ele é o jogo de bola mais sujeito à interpretação, ao questionamento do feito e do mérito, à discussão da justiça e da injustiça de um resultado, à disparidade das preferências por diferentes estilos, à distorção imaginária.
Toda essa nebulosa de demandas pelo reconhecimento converge na figura do jogador, o personagem que pode tanto provocar decepção dos que fracassam ou o fetiche idolátrico dos que se apresentam bem. O jogador é cobrado e negado com a mesma intensidade da sua consagração.
Acertar na contratação do técnico e dos jogadores que se tornam eficientes e conquistam a confiança da torcida é apenas uma parte do enigma do futebol.
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