Está em questão a Copa São Paulo. Competição que em princípio deveria funcionar como um grande palco para revelação de talentos que a curto ou médio prazo pudesse atender às necessidades imediatas dos clubes a que pertencem os atletas, além de apontar para uma oportunidade profissional por que esperam esses garotos.

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Longe disso tem ficado a realidade desse torneio. Assisti a alguns jogos e fiquei indignado com as orientações de alguns técnicos aos seus jogadores, no sentido de que estes deveriam marcar acintosamente, chegar junto, cometer faltas para impedir uma jogada mais criativa ou até mais ousada. E o que é mais grave: quando um jogador mais habilidoso driblava um, dois, ao terceiro, ele não chegava, porque o treineiro aos berros já o intimidava com um "Toque essa bola!", "não invente, pô!", "volte pra marcar!" E por aí a fora.

Ora, na faixa etária de 15 a 18 anos, o técnico realmente comprometido com a formação integral do atleta tem mais é que incentivar os talentosos que driblem, que aprimorem aquilo que o mundo inteiro aprendeu a admirar e a aplaudir no jogador brasileiro – a habilidade incontestável de nosso atleta com a bola. Exemplo disso é Neymar, do Santos, com seus dribles desconcertantes e que, neste ano, provavelmente, será transferido para o futebol europeu. Isso, sim, que é um diferencial positivo.

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Como gostaria de ver os técnicos impulsionando esses garotos (principalmente, aqueles que atuam no meio de campo e no ataque) para partir para cima, dar "uma caneta", dar "um chapéu", enfim, deixar explodir o talento dessa rapaziada. Sem falar que isso é que leva, muitas vezes, o torcedor aos estádios na esperança de poder delirar com aquela jogada de seu craque preferido e usá-la como instrumento de gozação nas rodas de amigos, quando estes torcem por um time adversário.

Mesmo assim, alguns atletas, a partir da Copa São Paulo, po­­dem ser aproveitados na equipe principal, porque a Copinha não deixa de ser uma vitrine que exibe ao mercado diversas tendências para uma nova temporada que também busca novos valores no cenário nacional.

Agora, é preciso muita cautela. Esse momento de transição do juniores para o profissional, aliás, deveria ocorrer dentro da maior naturalidade, seguindo os parâmetros da legalidade esportiva, para o bem de todos.

Ao contrário disso, o que se tem observado é que o lançamento dessas promessas acontece quando o clube está sem re­­cursos financeiros para fazer a contratação desejada. Muitas vezes, é nessas ocasiões que o jovem atleta é lembrado para fazer o papel do salvador da pátria. E se não corresponde, a contento, às expectativas das circunstâncias, negam-lhe outras oportunidades. É isso.

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