Assim como a maioria, também concordo que a decisão do regional paranaense que começa amanhã não tem o brilho de tempos atrás. Na busca de um tema para o clássico, cabe-me uma reflexão sobre a idade do ser humano e o efeito que produz no seu desempenho. No caso do Atlético, o chamado sub-23 não transmite menosprezo (ao campeonato) e muito menos irradia precocidade (em campo).
Interessante essa coisa de idade. Em Mundiais, por exemplo, Pelé foi campeão aos 17 anos e o quarentão Dino Zoff, goleiro da Itália, ganhou o título de 1982. Um jogador com 20 anos não é mais da base, passa a ser profissional. E se não amadurecer aos 23, deve mudar de profissão. Claro que a experiência conta, mas a intensidade e a técnica superam tudo. Foi assim que o Atlético ganhou o último clássico. Não existe favorito. Há sim uma extração vulcânica que pode fazer a diferença.
A idade nada mais é do que um preconceito aritmético. Talentos de muitas áreas tiveram passagem terrena tão breve, mas de intensidade grandiosa que abriram portas para a eternidade. Castro Alves, James Dean, Kafka, além do destino trágico e místico da morte aos 27 anos Van Gogh, Joplin, Hendrix, Jimi Morrisson, Amy Winehouse...
Outros produzem muito e ainda vivem bastante (Jorge Amado, Nilton Santos, Niemeyer, Mandela...). Jamais saberemos o tempo de vida de cada um, seja gênio ou não. Daí a importância na percepção do tempo e da retidão na conduta ética a cada momento. Dizem que não devemos elogiar ninguém antes da morte. Às vezes podemos até cravar com acerto, mas há o perigo da precipitação, como no caso de Havelange.
Bem, voltando ao clássico, pouco importa a idade de Alex, Marquinhos Santos, Edigar Júnio ou Arthur Bernardes. Tudo se transforma numa decisão. O que vale é ser lembrado pela magia que fica por um título conquistado, ou mesmo na elegância de aceitar a sua perda. Amanhã será apenas o primeiro. Na decisão do outro domingo, todos estarão sete dias mais velhos. O que significa...nada.
Último desejo
Por falar em talento e idade precoce, há exatos 77 anos morria Noel Rosa, também aos 27 anos. Ouço neste momento a beleza do samba Palpite Infeliz, na voz de Os Cariocas. Noel, como se sabe, morreu de tuberculose. Trocou as mesas da faculdade de medicina pelos bares do Rio. E nesses laboratórios criativos, criou as mais lindas canções.
Todas me encantam, mas os versos finais de Palpite Infeliz, criada para dar um basta aos polêmicos desafios com o compositor Wilson Batista, é de uma elegância e simplicidade extraordinárias: "A Vila é uma cidade independente; que tira samba, mas não quer tirar patente; pra que ligar a quem não sabe aonde tem o seu nariz? Quem é você que não sabe o que diz?"
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