Os presidentes Ribeiro de Andrade e Petraglia deveriam firmar um acordo tácito, mantendo seus treinadores seja qual for o resultado de amanhã. E por razões distintas: Marcelo Oliveira pegou há 100 jogos atrás o bonde andando e em alta velocidade. Ney Franco deixou um veículo limpo e cristalizado. Lataria impecável. Bonito para dirigir, mas sem direito de cometer um só arranhão. O que torna a responsabilidade ainda maior. O pior veio depois, quando venderam peças difíceis de reposição. Geometria e balanceamento ficaram arruinados. Mesmo assim, ganhou um Estadual e colocou no guiness um recorde de 24 vitórias seguidas. Contra ele, questionam-se as finais do ano passado diante de Vasco e Atlético. Afinal, o técnico foi incapaz de classificar o Coritiba para a Libertadores, ou teve virtudes por chegar tão perto?

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Do outro lado, o Atlético veio com produto importado. Juan Carrasco recebeu uma máquina de qualidade, mas as normas do trânsito eram estranhas para ele. Chegou a botar o porta-malas na parte da fren­­te, mas depois corrigiu. Teve habilidade para consertar amassadinhos da lataria, raspão no parachoque, aquelas coisas. Ganhou o turno, decide o Regional e está na reta dos oito pela disputa da Copa do Brasil. Inventou? É... adaptou o carro brasileiro à mão inglesa, mas enfrentou o trânsito sem cometer nenhuma infração grave. Levou poucos pontos na carteira. Carrasco é, digamos, criativo.

Marcelo e Carrasco foram até esta véspera de decisão, dois técnicos artesanais na arte de desamassar a lataria. Lidaram com alguns pontos de resistência e fizeram a chapa voltar ao seu estado natural. O serviço ficou bem mais em conta se comparado ao meio convencional – Funilaria e Pintura, sempre nas mãos de especialistas conhecidos, como Renato Gaúcho, Antônio Lopes e tantos outros.

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Marcelo Oliveira e Juan Carrasco, quer me parecer, são dois "martelinhos de ouro" profissionais e confiáveis.

Roleta Russa

Pênalti jamais deveria ser o último recurso para uma decisão. É um tipo de desempate tão cruel quanto uma final eletrizante e empatada de basquete ser decidida por lances livres. Há outros métodos mais justos. Por exemplo, a pontuação gradual pela eficiência técnica durante o jogo – número de faltas, escanteios, posse de bola, e por aí vai. Sempre, é claro, depois de esgotados os recursos convencionais de pontos, saldo de gols e o chamado "gol de ouro" (aquele que marcar primeiro na prorrogação).

Definir um título por pênaltis é uma espécie de roleta russa. Tudo pode acontecer. Não pretendo demonizar esse critério, mas, por respeito às crianças, que se abalam nesses momentos; pelo risco que correm cardíacos e fanáticos; e pelo linchamento moral a que se expõem os atletas que erram, espero que o Atletiba de amanhã seja decidido no tempo normal de jogo. É mais justo.

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