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Cansado de bater asas o pombo-correio havia se aposentado. A internet não estava nem sequer chocando no ninho. Outra forma seria o telefone, mas este custava o olho da cara. O recurso mais rápido então seria postar no correio e mandar a cartinha via aérea. Foi o que ele fez para me comunicar um fato inédito acontecido nos meios esportivos do Brasil.

Durante a primeira entrevista após assumir o comando da seleção, o jornalista João Saldanha anunciava para a imprensa mundial a escalação do Brasil que começaria jogando na Copa do México. Nunca antes na história do país alguém havia sido tão claro, direto e desafiador como ele. Sim, pois a Copa começaria apenas no outro ano.

Eu me lembro de que recebi esta carta vinda do Brasil e enviada pelo meu irmão, em 1969. Vivia totalmente distante das informações esportivas daqui. A escalação anunciada pelo treinador era unanimidade nacional: Félix; Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel e Rildo; Piazza e Gerson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu. Um misto de Santos, Botafogo e Cruzeiros, os melhores da época. Simples. Este time classificou-se para o Mundial ganhando com sobras. Depois da entrada de Zagallo, todos sabem, houve uma ou outra alteração com a base sendo mantida. É, ainda hoje, uma das mais brilhantes esquadras já formadas em toda a história do futebol.

A coisa é simples e qualquer técnico pode, sim, escalar seu time com antecedência, sem a farsa dos mistérios que confundem o jogador e o próprio técnico. O outro aspecto é selecionar os mais talentosos, independentemente de posições, e depois fazer os ajustes. Prefiro três craques de uma mesma posição jogando juntos – com dois deles ajustados em novo espaço – do que profundos conhecedores de cinco metros quadrados de campo, sem talento algum. Acho que o Brasil deve ganhar a medalha de ouro olímpica pela primeira vez, mas continuo com sérias dúvidas sobre a qualidade da seleção que vai a Londres. E que será a base para a Copa de 2014.

Sei que não existem tantos atletas brilhantes, mas quando se testa muita gente, o emocional toma conta. A se leção brasileira atual é absolutamente insegura e sem liderança dentro do campo. E fora dele necessita de gente forte ao lado do técnico. Vejo que há um movimento para resgatar velhos atletas. Depende. Zagallo, coitado, já teve seu momento. Na Copa de 2006, na Alemanha, sua presença entre os jogadores foi caricata. Há outros líderes, carismáticos e inteligentes, como Raí e Leonardo, por exemplo. Mas, e a escalação? Quem sabe?

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