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Fosse um ano atrás, o Atletiba de domingo já estaria reforçando o vigoroso crescimento de cabelos brancos na minha cabeça. Semana de clássico sempre é diferente, mas quando se trata daquele que é "O clássico" do nosso futebol, o sentimento e a responsabilidade são especiais.

Cobrir um Atletiba é como jogar um Atletiba. Digo isso com a autoridade de quem nunca calçou chuteiras em um confronto entre atleticanos e coxas, mas forjou boa parte da sua cultura futebolística no cimento úmido e molhado do Couto Pe­­reira ou do Pinheirão, mesmo quando estavam em campo Will, Agamenon, Afrânio, Cruvinel, Pirata e Biluca.

Quem sabe que você é jornalista esportivo te olha de maneira di­­ferente quando há um Atletiba mar­­cado. O caixa da padaria tenta decifrar nos seus olhos o time da sua preferência en­­quanto dá o troco do pão. Os amigos, com um terno e ameaçador ta­­­­pinha nas costas, dizem: "Vê lá o que você vai escrever da gente, hein!". No café sempre aparece aquele colega que mal te dá bom dia com uma ideia genial de matéria.

Ida ao bar também é pouco recomendável. Sempre há a chance de encontrar alguém disposto a discorrer sobre como o time do coração vai ganhar ou como o seu veículo simpatiza com o rival. Além, claro, do risco em que somos solidários a qualquer jogador: um resultado ruim será diretamente associado à sua vida noturna.

Assim como um jogador, quem cobre um Atletiba sempre busca alguma arma especial. Há longas preleções para encontrar uma maneira de surpreender a concorrência e o público. É preciso jogo de cintura para driblar os lugares-comuns. Como também é necessário ter visão para descobrir uma brecha que te levará a uma matéria especial, a um grande texto, o gol de todo o jornalista, mais especial por ser em um clássico.

Neste fim de semana, alguns compromissos com pessoas queridas, gente com quem já dividi muitos Atletibas, me levarão a Curitiba. Dificilmente estarei no Couto Pereira domingo, mas respirar o ar da cidade em um dia de Atletiba já é suficiente para matar a saudade de um expatriado. Com a vantagem de que haja o que houver du­­rante os 90 minutos, nenhum cabelo branco vai nascer na minha cabeça por causa do clássico.

Sonolência

Foi irritante ver Coritiba X Ypiranga-RS. O time co­­meçou com uma sonolência que não combina com uma competição em que não é permitido piscar, pois qualquer segundo de desatenção é castigado. Basta lembrar de 2010, quando o displicente pênalti com paradinha de Marcos Aurélio custou a eliminação contra o Avaí. Ou mesmo 2009, ano em que a semifinal contra o Inter foi resolvida em oito minutos de apagão no Beira-Rio.

Zzzzzzzzz...

Dizer que "só" falta a liberação do Al-Gharafa para Caio Júnior acertar com o Atlético é como dizer que "só" falta o sim da Angelina Jolie para ela subir ao altar com você. Por favor, só me acordem quando houver um técnico na Baixada.

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