O leitor, dono de memória melhor, lembrará com exatidão quantas vezes este colunista soltou rojões ao perceber um avanço consistente no controle das contas do Paraná. E nas duas vezes, teve de enfiar o rojão aceso debaixo do braço.

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O caso mais recente é a bomba que estourou na antevéspera do clássico contra o Atlético. O Paraná tinha tudo nas mãos, vantagem do empate, torcida 100% ao seu lado, duas vitórias sobre um time de garotos. E jogou tudo no lixo a partir do não cumprimento da promessa de efetuar o pagamento de parte dos atrasados. Errou duas vezes. Ao não cumprir o que prometeu no contrato e ao não cumprir o que prometeu no acordo de renegociação. Perturbou o ambiente quando não podia e deu motivo para os jogadores abortarem a concentração.

Não tenho dúvidas de que os jogadores cuidaram adequadamente do corpo mesmo ficando cada um em sua casa. O problema é a mente. Ao ficar em casa, os jogadores se depararam com o reflexo claro da impontualidade dos dirigentes. A reclamação da mulher, as contas empilhadas na mesa, o presente que ele não pôde comprar para o filho, a geladeira mais vazia que o de costume. Ali o Paraná perdeu a classificação.

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É óbvio que não há um atraso de salário deliberado. O que há é uma incapacidade de manter as coisas em dia, o que mantém o Paraná permanentemente como um corpo que emerge do afogamento, toma um fôlego e volta a afundar. Enquanto não romper esse ciclo, o Paraná não conseguirá sair do lugar. Não foi agora e dificilmente será neste ano. A parada de 40 dias para a Copa será um golpe duro em um cofre já vazio. E quanto mais os atrasos se repetirem, menor será a credibilidade do Paraná.

Por falar em credibilidade, este colunista, que zela pela sua, pede desculpas aos paranistas que acreditaram no "agora vai" por terem lido algo nestas linhas. Por mais boa vontade que exista, só dá para acreditar mesmo quando o Paraná estiver com o salário rigorosamente em dia e com lastro para manter os custos da temporada.

Provocações

Giancarlo e Otávio fizeram um favor ao Estadual quando, duas semanas atrás, trocaram provocações ao fim do Paraná x Atlético da primeira fase. Foi o que fez muita gente olhar para o campeonato e lhe dar alguma atenção na ânsia de confirmar ou retrucar a provocação do outro lado. O fim disso tudo foi a declaração de Zezinho, dizendo que o Atlético era o time grande que recebe salário.

Mesmo sendo cruel com os colegas de profissão – e uma imprudência, pois no futebol brasileiro de hoje é duro passar a carreira sem tomar calote –, é exagerado censurar Zezinho. Muito mais condenável no meia atleticano é sua mania de correr de asa aberta, com os cotovelos na altura do rosto do adversário. Para declarações como a de domingo, há dois remédios: ganhar o jogo e pagar em dia. Se faltou respeito, foi da diretoria que prometeu e não cumpriu o pagamento na sexta-feira.

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