A proibição da ação de investidores em negociações de atletas tem potencial para fazer um bem enorme aos clubes brasileiros. Muito da megalomania dos dirigentes, que levaram os salários a um nível irreal e impagável, deve-se ao socorro fácil dos investidores. O craque desejado não cabe no bolso? Chama o investidor e o cartola já pode preparar o melhor terno para a festa de apresentação. Faltou dinheiro para quitar as contas do mês? Dá um percentual de alguma promessa a um investidor que o dinheiro entra imediatamente. São duas pontas de um ciclo em que os clubes aumentam o endividamento e reduzem a chance de ganhar dinheiro lá na frente, com o loteamento dos seus garotos.

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Sem o socorro dos investidores, os clubes serão obrigados a gastar o que realmente têm. Será algo parecido ao jovem acostumado a viver de mesada que passa a viver sozinho e se sustentar com o próprio dinheiro. Quem se acostumar à falta de mordomia e mantiver os pés no chão terá mais chance de se dar bem. E haverá tempo para isso. Não apenas porque a Fifa já anunciou essa carência, mas também porque há contratos vigentes que deverão ser cumpridos.

Também fico curioso por saber qual será o discurso dos clubes em relação à Lei Pelé. Eles sempre apontam o fim do passe como desestímulo ao investimento na base, por ser caro e estarem sempre sujeitos ao ataque predatório de empresários e investidores. Como se os próprios clubes não oferecessem pedaços de seus meninos para pegar dinheiro na mão. Os empresários continuarão rondando, mas não haverá mais fatiamento de direitos econômicos de garotos ou jogadores de qualquer outra idade.

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Para os investidores, na prática, muda quase nada. Vários no Brasil já são donos de clubes. Registram por lá jogadores que nem conhecem a cidade-sede e jamais vestirão a camisa no estádio. A tendência é que outras equipes de aluguel sejam adquiridas e, do dia pra noite, passem a ter elencos estrelados. Será necessária uma ação tanto da Fifa como do governo para coibir a ação desses times de fachada.

Atletiba

Recebi via WhatsApp do Tiago Tedeschi, amigo, compadre, coxa-branca e, desde sábado, pai de primeira viagem (beijo, Isabela) a seguinte definição do Atletiba: Se o Coxa ganha, os dois continuam na briga contra o rebaixamento. Se o Atlético ganha, os dois saem da briga do rebaixamento.

É a medida exata do tamanho do clássico para o Coritiba. O Coxa é obrigado a vencer para ter a chance de seguir lutando. O time alviverde não consegue escapar de uma espiral que, invariavelmente, leva ao rebaixamento. Melhorou o nível do seu jogo, mas engata três derrotas seguidas. E quando vence, não consegue sair da ZR. E se sai, é para voltar três dias depois. Raros elencos não baixam a guarda diante dessa situação.

O Atlético até semana passada jogava, junto com o Palmeiras, o pior futebol do Brasileirão. A vitória sobre o Corinthians tirou um peso enorme das costas dos garotos rubro-negros. Sem sentir o calor da ZR, contra um adversário desesperado e a tentação de silenciar um estádio inteiro, os meninos atleticanos serão visitantes extremamente perigosos no Alto da Glória.

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