Há duas semanas, o Atlético tinha três nomes para treinador: Falcão, Silas e PC Gusmão. Falcão não acertou por causa da exigência de um contrato de dois anos. Silas acabou voltando ao Avaí. PC Gusmão dançou porque alguém na Petit Carneiro teve a lucidez de perceber que PC Gusmão não é técnico de futebol. Caio Júnior segue no estágio de que "só" falta a liberação do Al-Gharafa, mas o xeque mandou avisar que só abre a tendinha em maio.
Pelo caminho ainda ficaram nomes como Dunga, Zico, Carlos Alberto Parreira, Alejandro Sabella... Quando a fila já chegava ao fim, o Atlético avistou Geninho, velho conhecido da Baixada. Geninho é um dos maiores nomes da história rubro-negra. Conduziu o time ao título brasileiro de 2001 e evitou o rebaixamento quase irremediável no Nacional de 2008. Mas é também o Geninho que caiu com o Atlético na primeira fase da Libertadores de 2002 e agarrou-se a um elenco comprovadamente fraco em 2009.
Anunciar o retorno de um ídolo como Geninho um dia depois de ser atropelado pelo rival soa a populismo. Lembra demais a contratação de René Simões pelo Coritiba em 2009. Naquele momento, a diretoria jogou para a torcida e tirou dos seus ombros o peso pela temporada que se desenhava ruim por causa da sua incompetência. O Atlético faz o mesmo, massageia o ego do torcedor e joga o técnico na linha de tiro, como forma de desviar a atenção das más contratações e do fracasso comprovado em recompor a zaga.
Com René, o Coxa arremeteu até a semifinal da Copa da Brasil e depois embicou para baixo até espatifar-se na Série B. Ao buscar o Geninho velho de guerra, o Atlético assume o risco de seguir o mesmo plano de voo.
O chapéu do Donizete
Alguns Atletibas ficaram marcados na história por um acontecimento específico, episódios que viram grife daquele clássico. Há o Atletiba da gripe, o Atletiba dos oito minutos, o Atletiba do Paulo Vecchio, o Atletiba do Berg, o Atletiba da Páscoa, o Atletiba da correntinha, o Atletiba do Tuta. Daqui a alguns anos, quando estiverem em uma mesa de bar relembrando velhos Atletibas, torcedores falarão do clássico do último domingo como aquele do chapéu que Leandro Donizete deu em Paulo Baier. Como bem apontou o jornalista Carlos Eduardo Vicelli, este lance foi a síntese do 4 a 2.
Leandro Donizete é o operário-padrão. O jogador que parece estar em todos os cantos, a todo o momento. O Leandro desarma, o Donizete entrega a bola com precisão para o companheiro. É o óleo que faz a engrenagem coxa-branca girar. À sua eficiência protocolar, aliou talento e imprevisibilidade. Paulo Baier passou batido no chapéu de quem deveria apenas se limitar a marcá-lo, parecia ausente em campo.
Um Coritiba aliando beleza e eficiência diante de um Atlético que parecia não estar em campo. Resumo perfeito do clássico. O clássico do chapéu do Donizete.
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