Mais cedo ou mais tarde aconteceria. A prisão de dirigentes esportivos na Suíça – incluindo José Maria Marin, ex-presidente da CBF – começa a abrir o imenso buraco negro que se construiu em torno do futebol. E que, sob alegação de se tratar de uma entidade privada, durante décadas passou por cima de leis e da ética para manter o poder sempre em alta em torno das mesmas pessoas.
Alguns países, em atitudes isoladas, já vêm punindo desmandos financeiros e desvios administrativos. O primeiro caso de repercussão foi nos anos 90, com o Olympique, então pentacampeão francês e campeão da Liga dos Campeões, que teve o diretor de futebol, Jean-Pierre Bernes, preso acusado de suborno de jogadores adversários. Teve mais: o título francês foi cassado por ter sido conquistado por meio ilícitos e o clube para a segunda divisão nacional. E o presidente, Bernard Tapie, também acabaria na prisão.
A Itália foi outra a agir, rebaixando, anos depois, a Fiorentina, atolada em dívidas e sem condições de pagar seus funcionários e fornecedores. Caiu para a última divisão, precisou mudar de nome, de estatuto e de perfil para voltar, degrau a degrau, a frequentar o grupo principal do futebol daquele país. Mais recentemente foi punida a poderosa Juventus, por acusações de favorecimento de resultados. Também foi rebaixada e teve de se reconstruir para retornar a ser o grande clube que é, o maior vencedor dentre os italianos.
Intervenção que agora também ocorre na Espanha, onde o Barcelona vem sendo policiado desde alguns negócios não muito bem explicados. A transferência de Neymar, por exemplo. E uma ação que quase chegou ao aliciamento, com o recrutamento de meninos para comporem o grupo de formação do clube – Messi foi assim para lá, com pouca idade. A consequência disso é a proibição estabelecida pelos órgãos superiores do futebol europeu, impedindo o Barcelona de qualquer contratação até o fim deste ano.
E aqui no Brasil? Quando surgem propostas interessantes, voltadas para o melhor encaminhamento da ordem na administração do futebol, arma-se uma enorme barreira no Congresso, impedindo ou distorcendo tais conjecturas, sempre visando preservar a pessoa física do dirigente, que faz o que bem entende, gasta o que o clube não tem e vai embora, deixando um rastro enorme de problemas e sem assumir qualquer responsabilidade sobre o passivo ali gerado.
E, enquanto isso, os clubes endividados até o pescoço, continuam investindo o que não têm, justificando possíveis títulos a conquistar. A conta não fecha, mas não importa, pois não há responsabilidade fiscal e os dirigentes de hoje empurrar para a frente e aumentar as dívidas dos cartolas de ontem, que também já fizeram a mesma coisa em relação aos seus antecessores.
E assim vamos nós, sem perspectiva de saída viável para o futebol brasileiro.
- Ex-presidente da CBF é preso na Suíça em operação contra corrupção no futebol
- Suíça abre investigação sobre escolha das sedes da Copa do Mundo em 2018 e 2022
- ”É um dia bom para a Fifa”, diz porta-voz de Blatter
- Justiça americana acusa CBF de fraude em contrato com patrocinador
- Veja quem são os cartolas presos e indiciados no escândalo de corrupção
- Escândalo de corrupção na Fifa faz brasileiro assumir culpa e pagar multa milionária
- Del Nero defende Marin e diz que contratos eram da gestão de Ricardo Teixeira
- Veja a cronologia da crise na Fifa com os escândalos de corrupção
- Dez perguntas e respostas sobre o esquema de corrupção no futebol
- “Ladrão tem que ir pra cadeia”, diz Romário sobre prisão de Marin
- Em nota curta, CBF diz que apoia investigações sobre corrupção
- Alex: “A sede da CBF se chamar José Maria Marin é uma piada”
- Justiça dos EUA vai investigar escolha do Brasil como sede da Copa de 2014
Congresso prepara reação à decisão de Dino que suspendeu pagamento de emendas parlamentares
O presente do Conanda aos abortistas
Governo publica indulto natalino sem perdão aos presos do 8/1 e por abuso de autoridade
Após operação da PF, União Brasil deixa para 2025 decisão sobre liderança do partido na Câmara
Deixe sua opinião