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Obras para ampliação do estacionamento do Aeroporto Afonso Pena são as únicas relacionadas à Copa 2014 que já começaram. | Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Obras para ampliação do estacionamento do Aeroporto Afonso Pena são as únicas relacionadas à Copa 2014 que já começaram.| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo

Cerca de 60% das obras públicas em Curitiba e região previstas para a Copa de 2014 correm o risco de não ficarem prontas antes do início da competição – especialmente se houver algum imprevisto no meio do caminho. A preocupação ganha corpo ao se observar o atual estágio das intervenções exatamente dois anos depois de a capital paranaense ter sido oficializada como subsede do Mundial.

Nove das 14 obras programadas ainda não estão com os projetos executivos prontos, sendo que cinco nem sequer começaram a ser elaborados. Somente um efetivamente começou – a ampliação do estacionamento do aeroporto. Entre as mais importantes estão a ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Afonso Pena e a construção do corredor metropolitano.

Os 14 projetos são de responsabilidade do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Os prazos divulgados pelo Ippuc preveem o término de seis obras ainda no próximo ano. Mas, segundo o cronograma inicial do instituto, quatro delas já estão atrasadas.

Independentemente do caminho a ser percorrido para a licitação e execução das obras, o Ippuc defende que o prazo final é que deve ser levado em conta – e que todos serão cumpridos. O secretário estadual para Assuntos da Copa, Mário Celso Cunha, também afirma que os projetos que ainda estão sendo feitos devem ficar prontos entre agosto e outubro deste ano.

Para especialistas, o cronograma apontado pelos órgãos públicos é otimista, mas não realista. "Obras desse porte normalmente levam até um ano e meio. Isso somente a execução. Se tudo correr bem, elas devem ficar prontas no fim de 2013. Qualquer atraso pode comprometer tudo. Para se cumprir os prazos, vamos precisar de muita sorte", analisa o engenheiro Valter Fanini, presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná.

Estimativas do próprio Comec preveem que somente a elaboração dos projetos leve de seis a oito meses. Já as licitações, tanto para contratar os projetos quanto para executar as obras, devem se prolongar por pelo menos quatro meses – desde que não haja recursos das empresas participantes, que podem estender o processo em vários meses e até anos.

"É possível terminar as obras até 2014, em termos de engenharia. Agora, depende de garantir os recursos. O que pode ser um problema, já que no caso do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), em geral, há um atraso de 50% em todas as obras. Sem contar as peculiaridades jurídicas que podem ocorrer. A dragagem do Porto de Paranaguá, em oito anos, não foi resolvida, por causa de entraves jurídicos", exemplifica o engenheiro civil Ricardo Bertin, coordenador adjunto do curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

RiscosAlém dos riscos durante o processo de licitação, especialistas também preveem outros problemas que podem atravancar o andamento dos serviços, como o abandono de obras por parte de empresas, escassez de materiais, falta de profissionais qualificados no mercado e necessidades de desapropriações em alguns empreendimentos. A própria elaboração dos projetos executivos pode se estender, já que grande parte das obras será feita no meio urbano, tendo de prever interferências de redes de luz, água e energia, por exemplo.

"A etapa do projeto é fundamental. Quanto mais detalhes o projeto trouxer, mais garantia se tem de que a obra possa ser executada com uma margem de valores menor. Se não for bem detalhado, na hora de executar será preciso fazer aditivos, e aí vira uma bola de neve", avalia o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Álvaro José Cabrini Júnior.

Custos extrasA preocupação do setor é que atrasos e o calendário apertado transformem a execução das obras para a Copa em um novo Pan-Americano. Em 2007, as obras no Rio de Janeiro, terminadas às vésperas da competição, custaram dez vezes mais do que o valor inicial previsto. A estimativa é que, somente em Curitiba e região metropolitana, as obras públicas custem R$ 621,8 milhões, sendo que a grande maioria dos recursos deve ser repassada por meio do PAC da Mobilidade, do governo federal.

"O cronograma de qualquer obra em engenharia está diretamente associado a custo. Dá pra fazer mais rápido, mas vai custar mais caro. Isso porque acelerar o ritmo de obras demanda mais recursos humanos e de equipamentos. Outra preocupação é, na falta de tempo, fazer soluções paliativas, a título de 'maquiagem' somente", afirma Bertin.

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