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A final da Copa do Mundo é entre as seleções de Lionel Messi e Thomas Müller, mas nos arredores do Maracanã, faltando poucas horas para o início da partida, mais parece que os argentinos vão enfrentar o Brasil, e não a Alemanha.

Em frente ao estádio, no bar que se tornou o principal ponto de concentração de torcedores antes dos jogos, a música mais escutada é aquela que já se tornou uma espécie de hino informal da Copa do Mundo. E que, para os anfitriões, infelizmente, não é em português.

"Brasil decime que se siente, tener en casa su papa/te juro que aunque passen los anos, nunca nos vamos olvidar" ("Brasil, diga-me como se sente por ter em casa seu carrasco/ te juro que por mais que os anos se passem, nunca vamos esquecer", em tradução livre), dizem os primeiros versos da canção argentina, inspirada em "Bad moon rising", do banda Creedence Clearwater Revival, e que evoca a vitória sobre o Brasil nas oitavas de final da Copa de 1990.

Provocados, um grupo de brasileiros reunidos para tomar cerveja antes de entrar no estádio reagiu. Os torcedores canarinhos entoaram uma canção resposta, criada durante a própria Copa do Mundo, e que além de citar antigos hábitos nada lisonjeiros de Maradona, ufana-se de apenas Pelé ter atingido a marca de mil gols.

Esse parece ser o clima geral nos arredores do estádio. Os brasileiros em massa apoiando a seleção da Alemanha.

É o caso de Marcos Vinicus Koch e seu filho, Caio Koch, que vieram de Londrina devidamente uniformizados com camisas e bandeiras da Alemanha para assistir a final:

"Somos descendentes de alemães, compramos a entrada há mais de um ano pensando no Brasil ou na Alemanha na final, deu certo. É a melhor seleção", afirma Caio, que apesar de tudo revela ser fã de Messi e ter uma camisa da Argentina escondida na mochila, caso os rivais vençam a Copa.

Já o casal Leandro Adão e Daiane Andognini, vestidos com a camisa do Internacional e do Grêmio, dizem que não é possível torcer para um rival como a Argentina, mesmo após o Brasil ter sofrido uma derrota massacrante por 7 a 1.

"Acho que teve muita mídia em cima da seleção brasileira. Sinto que eles realmente queriam ganhar, mas houve muita badalação. Foi uma vergonha terminarmos a Copa em nosso país desse jeito", afirmou Leandro, gremista que veio de Florianopólis ao lado da namorada, colorada, para assistir à final.

Já os irmãos Rodrigo e Leticia Fontanella, tricolores que desceram a serra de Petrópolis para assistir ao jogo, também vão torcer pela Alemanha, apesar da jogada de marketing que associou a seleção germânica ao Flamengo.

"Contra a Argentina, vale até torcer pelo Flamengo", brincou Leticia.

Difícil encontrar algum brasileiro torcendo pela Argentina no entorno do Maracanã. Uma exceção eram as pequenas Barbara e Amanda Blackjakis Gavião, que estavam inclusive com camisa da Argentina e com o rosto pintado de azul e branco.

Mas há uma explicação. As duas são filhas de uma argentina, Marcela Blackjackis, que mora há mais de 15 anos em Niterói.

O pai das meninas, Luiz Octavio Gavião, no entanto, não se sensibilizou com a torcida das filhas e da mulher. Com a camisa rubro-negra sobre a pele, não era difícil adivinhar sua preferência.

"Sou Alemanha. No futebol, não dá para torcer pela Argentina", sentenciou.

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