Auxílio
Coxa anuncia ajuda a vítima
Agência Estado e Redação
O diretor do Coritiba e médico do Hospital Evangélico, Jurandir Marcondes Ribas, disse que o cirurgião plástico José Luiz Takaki, que é torcedor do Coritiba, fará gratuitamente as operações necessárias para que a enfermeira Tânia Regina da Silva, de 43 anos, tenha a melhor recuperação possível.
Depois do jogo do último domingo, a enfermeira foi atingida por uma bomba caseira atirada contra um ônibus, onde estava acompanhada da mãe. Acabou perdendo três dedos da mão direita, teve ferimentos no nariz e está com a audição comprometida. Além disso, o departamento jurídico do clube dará a assistência que ela venha a precisar no âmbito legal.
O coordenador de marketing do Coritiba, Roberto Pinto, anunciou que o clube também está realizando ações com o intuito de arrecadar recursos que auxiliem no tratamento da enfermeira, que se formou há apenas dois anos. Ela cuida de pacientes de forma particular. Mesmo sem acompanhar futebol e estar a cerca de 20 quilômetros do estádio Couto Pereira, foi uma das vítimas da barbárie que começou ainda no campo de jogo e se estendeu por vários pontos de Curitiba e da região metropolitana.
Ontem, a polícia identificou Claudinei Aparecido Rodrigo dos Santos, um dos primeiros torcedores a invadir o gramado. Ele agrediu um dos bandeiras após o fim do jogo. Duas pessoas já foram presas e 40 identificadas pela polícia.
Uma analogia ao crime passional, que ocorre por amor, deverá ser a principal tese utilizada pelo Coritiba para tentar atenuar a punição do clube pela selvageria ocorrida no Couto Pereira, domingo passado. O Alviverde será julgado na terça-feira no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e corre o risco de só poder voltar a jogar em seu estádio em 2011.
O procurador geral da entidade, Paulo Schmitt, pede a condenação do Coxa com a perda de 30 mandos de campo e aplicação de uma multa de R$ 620 mil. Ele considera que o clube foi responsável pelo ocorrido, por falta de infraestrutura e também por não tomar as medidas necessárias de segurança.
A denúncia é inédita na Justiça esportiva brasileira e fez o Coritiba criar uma comissão de advogados ilustres para formar a defesa do clube. Quem deverá estar à frente dela é o jurista René Dotti. Coxa-branca, ex-diretor jurídico do clube na época de Evangelino Costa Neves e que neste momento tão importante quanto a sua história estava nas arquibancadas do Couto Pereira no dia da queda.
"Muitas vezes não se consegue conter a paixão humana. Existe até a questão do crime passional. É parecido com o torcedor, que, frustrado, procura destruir o que é mais importante para ele, que é o clube", afirmou Dotti, por telefone, do Rio de Janeiro. "O clube não pode ser responsabilizado pelo estado de paixão de seu torcedor. Tecnicamente o Coritiba fez o que era possível."
O grupo também contará com o diretor jurídico do Alviverde, Gustavo Nadalin, mais Júlio Brotto e Francisco Zardo, do escritório de Dotti. Eles se reunirão este fim de semana para concluir toda a argumentação e estratégia que, em um primeiro momento, tentará separar o clube dos acontecimentos, ligação sempre presente quando as imagens da luta campal são exibidas.
"Não é possível demonizar o Coritiba por um ato de paixão de seu torcedor, por um fenômeno que pode revelar carência de policiamento", disse Dotti, revelando também um outro lado a ser explorado: a culpa do Estado. "Nós sabemos de antemão que a violência tem ocorrido com frequência depois dos jogos. Penso que o Estado não pode transferir essa responsabilidade a uma entidade esportiva. É como se a região em que você mora tivesse muitos roubos e, por isso, você não abrisse mais a porta da sua casa."
A defesa no tribunal, contudo, deverá ser feita pelo advogado José Mauro Couto Filho.
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