Emoções à flor da pele. A temporada 2008 ficará marcada na história do Atlético Paranaense. Não pelas conquistas e títulos inéditos, mas sim por confirmar a tese de ter "esquecido" o futebol por alguns anos favorecendo o patrimônio, por exemplo - e quase ter pago um preço muito alto. Apesar de um início animador, quebrando um recorde histórico de vitórias consecutivas no Campeonato Paranaense, o time não conseguiu manter o bom ritmo no restante da temporada.
Sofreu perdas consideráveis e decisivas em seu elenco, trocou várias vezes de treinador e não conseguiu nem manter o bom preparo físico para a difícil caminhada do Campeonato Brasileiro. Sofreu várias derrotas em casa (que era seu grande trunfo no passado), perdeu credibilidade e viu a desconfiança da torcida no time cair drasticamente.
Quando a água á batia no pescoço, resolveu se reinventar. Viu na troca de comando do seu futebol a luz no fim de um túnel que levava a equipe para um vergonhoso e aparentemente inevitável rebaixamento para a Série B. Trouxe de volta um dos seus maiores ídolos (o técnico Geninho, campeão Brasileiro), o preparador físico bi-campeão da Copa do Mundo, Moraci SantAnna, renasceu. Às duras penas, conseguiu apenas na última rodada se livrar do rebaixamento.
As eleições realizadas no início de dezembro determinaram o fim da era Mario Celso Petraglia. Marcos Malucelli, que havia assumido a direção de futebol e trazido Geninho, foi eleito o presidente para o próximo triênio 2009/2010/2011, que promete ser diferente, focado exclusivamente no futebol.
O Furacão 2008 entra para a história O Atlético iniciou a temporada 2009 como há muito não iniciava. Depois do trabalho realizado no ano anterior, quando tirou qualquer risco de rebaixamento (que era bem real antes de sua chegada) e levou o time à Copa Sul-Americana, o técnico Ney Franco e sua comissão técnica foram mantidos e puderam realizar um bom trabalho de pré temporada, apesar do pouco tempo entre a volta das férias e o início do Campeonato Paranaense.
Contando com o futebol de alguns jogadores em grande fase, como Marcelo Ramos, Clayton, Jancarlos, Antônio Carlos, Rhodolfo, Ferreira e Vinícius, o time começou o Estadual com o pé direito. Venceu alguns jogos, empolgou a torcida e alavancou o número de associações ao clube. Lançou o plano Sócio-Furacão, que só não foi um sucesso total, pois uma falha do sistema acabou prejudicando o registro dos torcedores.
Mesmo assim a Arena da Baixada ficava cada vez mais lotada. Lá pela oitava vitória consecutiva, torcedores, imprensa e jogadores se deram conta de que o time se aproximava de um recorde histórico. Em 1949, o Atlético venceu 11 partidas consecutivas e por "mandar para longe" todos os adversários, ganhou naquele ano o apelido de Furacão (usado até hoje pela torcida e conhecido nacionalmente).
A cada jogo - e nova vitória a torcida se empolgava e via o recorde de 1949 se aproximar. A boa fase do time comandado por Ney Franco dava ao torcedor a esperança de uma temporada histórica. No dia 16 de fevereiro, na cidade de União da Vitória, o Furacão 2008 igualou a marca do Furacão de 1949 e goleou o Iguaçu por 8 a 1.
No jogo seguinte, contra o Cianorte na Arena da Baixada, o time venceu por 1 a 0 e alcançou a marca de 12 vitórias consecutivas, incluindo seu nome na história do clube.
Desmanche afeta desempenho do time
Naquela altura, o time já não contava com o meia Ferreira, que foi emprestado para um time dos Emirados Árabes. Negócio que rendeu alguns petrodólares aos cofres atleticanos, mas comprometeu o futuro da equipe em campo. Em seguida Clayton (sinônimo de raça para a torcida) também deixou o clube e Jancarlos "sumiu", rescindindo seu contrato com o time na Justiça. O Atlético caiu de produção e começou a despertar a preocupação do torcedor.
Eliminação na Copa do Brasil
As críticas aumentaram e deixaram o clima ainda mais tenso com a trágica eliminação da equipe na Copa do Brasil. Após empatar em 1 a 1 com o Corinthians de Alagoas na casa do adversário, voltou a empatar pelo mesmo placar em casa e acabou derrotado e eliminado na disputa por pênaltis.
O time ficou abatido e a permanência de Ney Franco foi questionada pela diretoria após a perda do título do Campeonato Paranaense para o rival Coritiba, em plena Arena da Baixada.
Ney Franco cai: Primeira troca de treinadores
Após a demissão de Franco, o jovem técnico Roberto Fernandes que estava no Náutico foi a aposta da diretoria. Tendo que lidar com a desconfiança da torcida desde o começo, o treinador teve dificuldades para dar padrão de jogo à equipe rubro-negra. Apesar de ter contratado alguns reforços, o time sofreu com várias baixas e deixou o treinador incomodado. Constantemente ele reclamava da falta de jogadores e lamentava por não pode contar com os que estavam no departamento médico.
Roberto Fernandes cai: Segunda mudança
A essa altura o meia colombiano Ferreira, um dos melhores jogadores do time no ano anterior e nos primeiros jogos do Paranaense, havia voltado do seu empréstimo de seis meses, mas não correspondeu. Voltou mal e não conseguiu reeditar suas boas atuações. Roberto Fernandes foi demitido e Mário Sérgio, amigo da diretoria, foi contratado.
Mudanças no futebol
Junto chegaram o diretor de futebol Edinho Nazareth e o preparador físico experiente Moraci SantAnna.
Mesmo com os "reforços", o problema prosseguiu. A falta de vitórias ou pelo menos empates fora de casa (conseguia vencer apenas na Arena, quando conseguia), fazia o time cair na tabela de classificação no Brasileirão da Série A rondar a zona do rebaixamento.
Sócios aumentam
Contrastando com o péssimo momento do time em campo, a torcida seguiu num ritmo alucinado de associações. Com o sistema funcionando normalmente, o clube conseguiu chegar à marca de 20 mil cadeiras vendidas.
Mário Sérgio é demitido: Terceira e quarta mudança
Mário Sérgio não durou muitos jogos e acabou demitido. O auxiliar-técnico Cleocir Santos assumiu o time interinamente até que um novo treinador fosse contratado.
Mudanças foram feitas na direção de futebol. Os presidentes dos conselhos administrativo e gestor, Mario Celso Petraglia e João Augusto Fleury, se afastaram do dia-a-dia do futebol do clube, demitiram Edinho Nazareth e anunciaram duas novidades.
Revolução no futebol II: Geninho chega como salvador (quinta mudança)
A primeira foi a chegada do então advogado do clube, Marcos Malucelli, ao posto de vice-presidente de futebol. A segunda foi a chegada do ídolo Geninho para assumir o comando técnico da equipe. Campeão do Brasileirão 2001, o técnico chegou com a ingrata missão de evitar o rebaixamento da equipe, que naquele panorama, parecia inevitável.
Atlético melhora
Apesar de ter sido eliminado da Copa Sul-Americana, o time começou a melhorar na competição. Somou resultados importantes em seqüência e ganhou padrão de jogo. Moraci SantAnna pôs o time em forma e a torcida passou a acreditar na salvação.
Vitórias emocionantes contra Cruzeiro (que brigava pelo título), Sport (com gol nos acréscimos do segundo tempo) e Figueirense, o time perdeu a chance de se garantir na Série A ao empatar com o Vasco e Botafogo fora de casa. Foi ainda derrotado pelo Náutico e chegou à ultima rodada precisando vencer o Flamengo para conseguir seu objetivo e não depender de outros resultados.
Crise política
Nos bastidores, brigas políticas deixaram o clima tenso. O assunto roubou a atenção dos torcedores, que tiveram que se dividir entre as dúvidas sobre quem eleger para o próximo triênio diretivo e a angústia de ver o time correndo risco de ser rebaixado.
A salvação e os novos tempos
O Atlético conseguiu se safar. Na última rodada, uma vitória sobre o Flamengo por goleada na Arena salvou a equipe do rebaixamento. Um dia depois s chapa da situação, encabeçada por Gláucio Geara e Marcos Malucelli, venceu as eleições.
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