Um dos heróis do título brasileiro do Coritiba em 1985, o atacante Lela vive hoje afastado das lembranças como jogador. Em Bauru-SP – cidade onde nasceu e para onde voltou após pendurar as chuteiras –, o espalhafatoso camisa 7 passa os dias entre peladas e jogos de tênis.
Nem mesmo sobre o auge da carreira nos gramados, Seu Reinaldo, como é chamado por todos, sente-se à vontade para falar. Telefone desconhecido, com prefixo que não seja 14, o apelidado Careta não atende de jeito nenhum.
“Ele gosta do Coritiba, mas não quer falar. Tem época que ele não está legal. É o jeito dele, mais fechadão”, resume Dona Maria de Lourdes Felisbino, esposa do ex-coxa-branca há 35 anos, com quem teve dois filhos, os jogadores Richarlyson e Alecsandro.
As comemorações dos 30 anos da conquista alviverde também não conseguiram contar com o atacante que fez seis gols na campanha, três decisivos. O grupo de historiadores do clube, Helênicos, gravou um documentário sobre o feito e não obteve contato com o jogador.
Na última aparição pública, caiu numa “pegadinha” de Alecsandro. O atacante pediu para o pai acompanhá-lo na apresentação ao Palmeiras, em junho. Chegando ao Allianz Parque, Lela, palmeirense, acabou surpreendido por uma homenagem do filho.
Quando está em casa, gosta de assistir televisão – acompanha programas esportivos o dia inteiro. Também faz parte da rotina do ex-atleta ir aos cultos na Igreja Universal do Reino de Deus.
“Deus nos tirou do fundo do poço. Passamos muitas dificuldades. Hoje estamos bem, na casa dos nossos sonhos, temos uma chácara. Graças a Deus”, conta Dona Lourdes. A devoção evangélica começou em 2001.
Nas peladas, mesmo aos 53 anos, mantém o estilo de habilidade e faro de gol que conquistou os coritibanos. Ímpeto fundamental para bordar a estrela amarela na camisa do Coxa e tornar-se recordista de jogos e gols na década de 1980: 200 partidas e 55 gols.
Na campanha vitoriosa, há três décadas, Lela tinha 23 anos e chegara ao Coritiba em 1983. Desembarcou no Alto da Glória envolvido em uma troca que mandou o volante Leomir para o Fluminense.
Pôs o time de Ênio Andrade na fase final, com o gol aos 42 minutos que valeu a classificação nos 2 a 1 sobre o Santos. Depois, foi às redes contra o Corinthians (1 a 0) e nos dois confrontos com o Joinville (2 a 1 e 1 a 0).
Lela ainda converteu o pênalti na decisão com o Bangu, após o 1 a 1 no tempo normal. Bateu alto, no canto direito do goleiro Gilmar, gol que igualou em 4 a 4 a série no Maracanã.
Após o grande feito, Lela teve altos e baixos no Alto da Glória. Foi deixar o clube apenas em 1988, com destino ao Sampaio Corrêa. A imagem de um dos grandes ídolos da torcida alviverde, entretanto, ainda permanece viva.
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