Um grupo seleto de coxas-brancas presenciou o único título brasileiro conquistado pelo Coritiba. Não há um número certo de quantos alviverdes estiveram na arquibancada do Maracanã – há chutes entre 5 e 10 mil entre os quase 100 mil presentes. Mas quem foi ao Rio há 30 anos não esquece jamais.
São histórias de invasão de campo, provocação do chefe atleticano, mulatas do Sargentelli e um reencontro inesperado. Passagens embaladas pela emoção única de ver o time do coração campeão nacional.
Um dos presentes era Gustavo Fruet, 52 anos, então um jovem estudante de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O atual prefeito de Curitiba chegou a invadir o gramado do então “maior estádio do mundo” para arrancar um pedaço da rede .
Prefeito Gustavo Fruet invadiu o campo para comemorar
Na série “Maracanã: eu fui”, torcedores do Coritiba relembram como foi acompanhar o título nacional no Rio de Janeiro em 1985.
+ VÍDEOS“Foi um jogo emocionante. Estava entre aqueles que entraram no campo. O Rio de Janeiro torcia todo para o Bangu. Foi muito marcante, como torcedor do Coritiba foi seguramente o grande momento da minha geração”, diz.
Uma das melhores lembranças do coxa-branca ocorreu de volta a Curitiba: “Meu pai [Mauricio Fruet] era o prefeito na época e seria inaugurado o Citibank, um ato solene. Do alto do carro de som, na carreata da vitória pela Marechal Deodoro, ele parou em frente do banco e disse apenas: ‘declaro inaugurado’.”.
Engenheiro civil, Luiz Henrique de Barbosa Jorge, 50 anos, era o chefe da principal torcida organizada do Coxa à época, a Mancha Verde. Foi um dos responsáveis por organizar a excursão dos ônibus que percorreram quase 900 quilômetros até o local da partida – no total, viajaram cerca de 200 veículos.
Líder da Mancha recorda tensão com o Coxa na decisão
Na série “Maracanã: eu fui”, torcedores do Coritiba relembram como foi acompanhar o título nacional no Rio de Janeiro em 1985.
+ VÍDEOS“Fomos a primeira torcida a chegar ao Rio e seguimos para o bairro da Urca. Conversando na praia soubemos que o Castor de Andrade [bicheiro e presidente do Bangu] estava distribuindo ingressos para os outros torcedores da cidade. Isso nos preocupou”, recorda Espeto.
À noite, o temor dos coritibanos se confirmou. O Maracanã ficou repleto de torcedores do Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, unidos para apoiar a simpática agremiação da zona oeste da cidade. Apoiados ainda pela bateria da escola de samba Mocidade Independente, dirigida por Castor de Andrade.
Trinta anos depois, Espeto, como é conhecido, teve a chance de um reencontro. Chamado para participar de uma matéria do Esporte Espetacular, da Rede Globo, voltou ao Maracanã ao lado de Rafael (goleiro do título ), Ado (o atacante vilão do Bangu) e um torcedor do time carioca.
“Naturalmente, jamais esperei por isso. Foi incrível retornar ao palco da maior conquista do meu clube e estar junto com o Rafael, um dos meus ídolos de juventude”, conta o torcedor.
Chefe atleticano deu dispensa para ir ao jogo decisivo
Na série “Maracanã: eu fui”, torcedores do Coritiba relembram como foi acompanhar o título nacional no Rio de Janeiro em 1985.
+ VÍDEOSOutro coxa-branca que encarou a jornada em 85 foi Gilmar Dammski, 51 anos. “Eu trabalhava numa fábrica de refrigerante e um chefe atleticano disse que não entendia como eu não iria para o jogo. Pedi dispensa e ele aceitou. Nem parece que já se passaram 30 anos”, diz o atual gerente regional de operações do Hotel Slaviero.
Olivar de Oliveira, 68 anos, pegou um avião até o Rio de Janeiro. E aproveitou para curtir a noite antes da decisão. “Eu quase fui atropelado na Barata Ribeiro, em Copacabana. O carro parou e saiu uma moça que era mulata do Sargentelli [apresentador e empresário]. Resultado, eu e todos da minha excursão fomos ao show de samba e mulatas”.
Sobre ter assistido in loco a conquista, Oliveira resume: “Tive duas grandes emoções na minha vida. O nascimento do meu filho e aquela noite no Maracanã”.
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