Joseph Blatter enfrenta o príncipe da Jordânia, Ali Bin Al-Hussein, nas eleições para a presidência da Fifa.| Foto: Arnd Wiegmann/Reuters

A crise na Fifa, deflagrada nos casos de corrupção de cartolas e executivos de marketing esportivo, ameaça romper com o futebol mundial. Nesta sexta-feira (29), a entidade realiza a sua eleição mais polêmica da história. Mas, enquanto Joseph Blatter foi buscar apoio entre as pequenas delegações, a Uefa fez uma ameaça sem precedentes: uma eventual vitória do suíço poderia obrigar a Europa a abandonar a entidade.

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Epicentro dos lucros do futebol mundial, o continente europeu decidiu colocar Blatter contra a parede por ele estar buscando seu quinto mandato consecutivo. “Somos um dos pilares do futebol e precisamos assumir nossas responsabilidades. Precisamos repensar nossa relação com a Fifa. Não podemos continuar assim”, disse Platini.

INFOGRÁFICO: Conheça os candidatos e o processo eleitoral da Fifa

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Questionado se isso poderia significar a saída da Uefa da estrutura da Fifa, ele foi direto: “claro”. Platini também não descarta que seleções nacionais peçam para não jogar torneios da Fifa, como a Copa do Mundo. “Tudo está sobre a mesa. Mas vamos ver o que dizem as seleções nacionais”, declarou. Uma reunião de emergência está marcada para o dia 6 de junho.

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Platini chegou a alertar Blatter a evitar o pior. Nesta quinta-feira, em uma reunião de emergência, ele implorou ao suíço que, pelo bem da Fifa, deixasse seu cargo. Blatter o respondeu que já era “tarde demais” e teria de seguir na corrida. “Basta”, disse o francês. “Ele já perdeu. A Fifa já perdeu”, insistiu. Platini indicou que Blatter estaria “perturbado”. “É um nojo. Chega”, afirmou.

Há dois dias, a Uefa chegou a propor um boicote às eleições. Mas a posição foi revista nesta quinta-feira. Pelos cálculos dos europeus, o boicote significaria nesse momento a certeza de que Blatter teria mais quatro anos como presidente da entidade.

A esperança da Uefa é de que todos os seus 54 membros votem no príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein. A manobra tenta derrubar a candidatura de Blatter. “Estou otimista”, declarou o candidato.

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Ele teria apresentado aos europeus uma lista de outros 60 votos que teria obtido pelo mundo, sem contar ainda os representantes da Uefa. “Fazemos o pedido para que todo o mundo faça o mesmo e apoie Ali. A reforma que a Fifa deveria fazer foi feita pelo FBI”, disse Platini, que acredita que as prisões desta semana abrem as chances para a vitória de Ali.

Enquanto Platini atacava, Blatter se apressou em garantir que fosse blindado pelo apoio de pequenas federações e aliados tradicionais. A Guiné Bissau disse que os ataques eram uma “blasfêmia”. Vitaly Mutko, ministro russo de Esporte, declarou seu apoio a Blatter. “Ele é um bom homem e a Fifa é uma boa organização. O problema não está na Fifa, mas em Nova York”, atacou, referindo-se à origem das investigações.

Falando pela primeira vez desde as prisões de sete de seus dirigentes nesta semana em Zurique, Blatter insistiu na abertura do Congresso Anual da Fifa que é ele quem fará a reforma da entidade. “Somos uma vasta maioria que gosta do futebol, não pelo poder, mas pelo amor ao futebol e para servir a outros”. Para ele, os crimes vêm apenas de casos “individuais” e se tratam de uma “minoria”.

“Confesso que será um caminho longo e difícil para reconstruir a credibilidade”, alertou. “Os próximos meses não serão fáceis. Mais notícias ruins virão”, reconheceu.