O presidente da Fifa, Joseph Blatter, reconheceu nesta quinta-feira (28) que “mais notícias ruins virão” no que se refere aos escândalos de corrupção no futebol. Mas insiste que são casos “individuais” e que é apenas uma “minoria” entre os cartolas que agem de forma corrupta.
Falando pela primeira vez desde as prisões de sete de seus dirigentes nesta semana em Zurique, Blatter reforçou na abertura do Congresso Anual da Fifa que é ele quem fará a reforma da entidade. “Somos uma vasta maioria que gosta do futebol, não pelo poder ou cobiça. Mas pelo amor ao futebol e para servir a outros”, disse.
Não vou deixar que atos de alguns destruam as ações de tantos que trabalham pelo futebol. Aqueles corruptos são minorias. Mas precisam ser pegos e levados à suas responsabilidades.
“Confesso que será um caminho longo e difícil para reconstruir a credibilidade. Perdemos e vamos reconquistar por meio das ações e como agimos de forma individual”, alertou Blatter, que nesta sexta-feira concorre para ser reeleito presidente da Fifa mais uma vez. O dirigente ainda pediu “solidariedade”. “Estamos todos unidos”, insistiu. Nesta quinta, Michel Platini, presidente da Uefa, pediu a demissão do dirigente máximo do futebol mundial.
“Esses é um momento difícil e sem precedentes”, reconheceu. “Os eventos de ontem jogaram um longa sombra no futebol e no Congresso [da Fifa]. Ações individuais trouxeram vergonha e humilhação ao futebol e exigem mudanças”, disse. “Não podemos deixar que a reputação do futebol entre na lama. Isso precisa parar agora”, insistiu.
Blatter também se isentou de qualquer culpa. “Muitos dizem que eu sou responsável pela comunidade global do futebol, seja na Copa ou escândalo de corrupção. Mas eu não posso monitorar as pessoas todo o tempo. Se eles fazem algo errado, tentam esconder. Mas cabe a mim proteger a reputação e encontrar uma saída”, disse.
Não pode haver espaço para corrupção. Os próximos meses não serão fáceis. Mais notícias ruins virão.
“Não vou deixar que atos de alguns destruam as ações de tantos que trabalham pelo futebol. Aqueles corruptos são minorias. Mas precisam ser pegos e levados à suas responsabilidades”, declarou Blatter, que ainda admitiu: “Vamos cooperar com as autoridades para que aqueles envolvidos, de cima para baixo, sejam punidos. Não pode haver espaço para corrupção. Os próximos meses não serão fáceis. Mais notícias ruins virão”.
Tanto a Justiça norte-americana como a suíça indicaram que as prisões dos últimos dias são apenas as primeiras etapas de um processo bem maior.
Vivendo sua pior crise, a Fifa abriu nesta tarde de forma constrangida seu congresso anual em Zurique, com música, roupas de gala e carros de luxo. A entidade foi sacodida pela prisão de sete de seus membros, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marín.
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Ainda assim, a festa foi mantida, depois que Blatter recebeu o apoio de algumas confederações, entre elas a sul-americana. Ao subir no palco para falar, não faltaram assobios e palmas frenéticas. O tema do evento: a solidariedade. A festa teve músicos suíços, bandeiras das 209 federações e imagens alpinas.
Mas a imprensa foi mantida distante dos cartolas, que entraram por portas separadas e com forte presença de seguranças privados e da cidade de Zurique. Dentro do teatro, uma vez mais os jornalistas foram mantidos em um local separado, sem qualquer acesso aos dirigentes.
Blatter havia cancelado todas suas participações em eventos nos últimos dois dias, também para evitar qualquer tipo de contato com a imprensa ou questões embaraçosas.
Nesta tarde desta quinta, porém, ele foi a sua própria festa, além de ministros suíços e autoridades locais. Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), também estava presente.