Maurine comemora o gol que classificou o Brasil à final, dois dias depois da morte do pai| Foto: Reuters

Pelo Brasil. Por ele que a lateral-direita da seleção feminina de futebol, Maurine, entrou em campo na noite desta terça-feira (25) na semifinal dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara e fez o gol da vitória, sobre as donas da casa mexicanas.

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Brasil não é somente o país que a gaúcha de 25 anos defende. É o nome do pai, que morreu no último domingo (24), por complicações respiratórias. Foi por Brasil Gonçalves que ela jogou nesta terça. "Foi um jogo especial. Teve a mão de Deus. Não foi fácil, mas o grupo me ajudou muito e pude oferecer esse gol para ele", conta a lateral.

Concentrar o grupo para a partida depois do luto de Maurine foi o principal trabalho do técnico Kleiton Lima para o confronto que levou o time a mais uma decisão de ouro pan-americano. "Todos velando com o coração, junto com ela. Não é por acaso que o pai dela chama Brasil. Usamos isso na preleção, o tem "Brasil é nosso pai", conta o treinador.

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A decisão de ficar com a seleção foi da própria jogadora. Ela não teria tempo de deixar o México para o enterro do pai. Então, decidiu ficar com o time e tentar conquistar o ouro que prometeu a ele na última visita que fez a ele no hospital, antes de embarcar para o Pan de Guadalajara.

"Usei as letras do nome dele na preleção. O B de Beleza, o R de raça, o A de amor, o S de saudade, o I de irmandade e o L de liderança. A parte tática também era importante, a técnica também, mas o espírito do grupo foi mais. Ontem e hoje, o dia todo, o grupo fechado, unido, solitários, velando, sentindo as mesmas dores", complementou o técnico.

A companheira de quarto, a atacante Thaís conta que foram dois dias tentando animar Maurine. "Dizia para ela que ia fazer um gol. Quando perdi meu pai, foi assim, tinha um jogo no dia seguinte e marquei", relembra. O pai da atacante morreu quando ela tinha 10 anos. "Todas aqui já tivemos uma grande perda e sabemos que essa é a pior dor", conta.

A frase de Thaís se concretizou aos 33 minutos do segundo tempo. "Chorei", contou Maurine, sobre a comemoração, com o semblante bastante abatido. "Mas a partir da hora que a juíza apitou, esqueci tudo, só pelo jogo."

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