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Dezembro de 2011. Cumprindo o script da política rubro-negra nos últimos anos, Mario Celso Petraglia é eleito presidente do Atlético com uma margem considerável de votos. Os associados queriam a volta do homem que prometia transformar o CAP em gigante, mesmo com o time tendo de encarar o inferno da Segunda Divisão como pré-requisito para chegar ao céu.

Pois bem. Naquela época, mesmo antes de as urnas confirmarem mais um mandato ao dirigente, a conversa girava em torno do que seria do Furacão a partir de 2012, quando o modus operandi de Petraglia voltasse a reinar no CT do Caju. Cartilha antiga, falava-se em restrição à imprensa, guerrilha aos "inimigos" que ousaram pensar de forma contrária e, é claro, das relações em torno da organização do evento da Fifa na casa atleticana.

Os mais atentos logo se recordaram de como era a política comercial do clube sob a tutela de MCP (de 1995 a 2008), antes de Marcos Malucelli promover uma revisão conceitual. O engenheiro responsável pela construção da nova Arena, inaugurada em 1999, por exemplo, era Luiz Volpato, casado com uma das filhas do dirigente.

Já Mario Celso Keinert Petraglia, filho do mandatário e sócio da Kango Brasil Ltda., ficava responsável por fornecer cadeiras ao estádio. Ele representou o Atlético também em seminários organizados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para tratar do Mundial no Brasil. Por fim, Carlos Arcos, primo de MCP, sempre esteve de alguma forma ligado com o projeto dos sonhos de Petraglia, o de fazer da Arena sede da Copa e um dos principais estádios do planeta. Esta Gazeta do Povo fez uma grande reportagem sobre o assunto em 2008. Pouco repercutiu à época.

Figurinhas e política antigas que voltam à tona neste momento em que o ex-melhor estádio do Brasil está em ruínas, esperando a liberação do potencial construtivo – crédito virtual concedido para se construir imóveis de tamanho acima do estabelecido pela legislação municipal – para ganhar nova forma, seguindo as rigorosas exigências da Fifa.

A diferença é que agora, com o Tribunal de Contas classificando o potencial construtivo como dinheiro público, o Atlético – e Petraglia – não precisa convencer apenas os 300 integrantes do Conselho Deliberativo de que a operação, digamos familiar, é o caminho mais adequado para o clube, mesmo custando um pouco mais caro algumas vezes.

MCP terá de dobrar toda a sociedade que, como mostrou a Câmara de Vereadores de Curitiba na sessão de ontem ao sugerir a suspensão de repasses de potencial construtivo ao Atlético, não quer engolir goela abaixo a engenharia. Vigilância mais do que necessária, já que, como bem escreveu o colega Rogério Galindo em seu blog Caixa Zero, trata-se do meu, do seu, do nosso suado dinheirinho.

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