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Marcos Goto (de costas) vibra a conquista das medalhas com  Diego Hypólito e Arthur Nory. | Ben Stansall / AFP
Marcos Goto (de costas) vibra a conquista das medalhas com Diego Hypólito e Arthur Nory.| Foto: Ben Stansall / AFP

Marcos Goto não é considerado o Bernardinho da ginástica artística à toa. O técnico de 49 anos, que surpreendeu ao transformar Arthur Zanetti no primeiro campeão olímpico brasileiro da modalidade, em Londres-2012, nas argolas, tem o mesmo comportamento do comandante da seleção de vôlei. É veemente nas cobranças, mas reconhece o esforço de seus comandados.

“O Arthur não tem medo de nada. Tudo o que eu peço para executar ele faz”, elogia o treinador a parceria que dura 19 anos, desde quando o ginasta tinha 7 anos.

Desconhecido até quatro anos atrás, o treinador paulista, que tenta levar Zanetti ao segundo ouro nesta segunda (15), a partir das 14h, levou a ginástica a outro patamar não só por sua qualidade técnica e obsessão pelo trabalho.

Marco Goto e Arthur Zanetti: 19 anos de parceria.Alexandre Loureiro/Exemplus/COB

Goto não desperdiçou a chance de botar o peso do ouro olímpico para exigir melhores condições de treino não só a Zanetti, mas também à toda equipe do Brasil.

Antes, o treinador tomou precaução para que Zanetti não tivesse problemas com os cartolas: quem “batia” nas entrevistas era ele, não o pupilo. “Ele [Zanetti] tem que ficar na dele, ser o bonzinho. O mau aqui sou eu”, declarou Goto em 2013.

Naquele mesmo ano, o COB repassou novos equipamentos ao centro de treinamentos em que Zanetti trabalha em São Caetano do Sul (SP), onde a seleção masculina também passou a treinar .

“A ginástica cresceu demais nos últimos anos com o apoio do governo, da confederação e do COB, o que culminou nessas medalhas”, tratou de elogiar o treinador neste domingo (14), após a conquista da prata e do bronze com Diego Hypólito e Arthur Nory na prova de solo da Rio-2016 .

“Em Pequim, caí de bunda. Em Londres, caí de cara. Aqui, caí de pé”

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Quase um mês antes da Olimpíada, Goto deu mais uma amostra do seu estilo durão. Com o afastamento do técnico Fernando Lopes, acusado de abuso sexual, ele aceitou treinar Hypólito. Mas com uma condição: que o ginasta se concentrasse totalmente nos treinos. Caso contrário, seria punido.

E foi o que quase aconteceu quando Hypólito desistiu de última hora de participar do programa do Faustão logo após o afastamento de Lopes. O fato causou polêmica, com o apresentador culpando o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, de censura, quando na verdade a proibição partira do próprio Goto.

Já no estúdio, Hypólito recebeu ligação do treinador com uma determinação bem clara: se participasse da entrevista, seria automaticamente cortado da equipe nacional.

Hypólito passou mal no estádio, mas não desafiou o treinador. “Foi fundamental essa blindagem. Devo esse resultado a ele, que confiou em mim quando ninguém acreditou. Ele me fez acreditar no meu sonho”, elogia o ginasta com a prata no peito, a primeira medalha dele em três Jogos disputados.

“Minha escola é da vida, de conquistar as coisas pela luta, pelo trabalho e, principalmente pela disciplina. Para mim, disciplina é tudo. Se o atleta não tem disciplina, não vai a lugar nenhum”, define Goto.

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