Renato Gaúcho brinca com a bola durante treinamento no CT da Graciosa: elogios ao Atlético e à Vila Capanema| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Vagner Mancini minimiza Grêmio copeiro

Fernando Rudnick

A tradição copeira do tetracampeão Grêmio não assusta o Atlético, que participa hoje, às 21h50, de uma inédita semifinal de Copa do Brasil. Para o técnico Vagner Mancini, apesar do retrospecto vitorioso dos gaúchos – especialmente sobre paranaenses –, o confronto não tem favorito.

"É óbvio que do lado do Grêmio todos estão cheios de otimismo em função de a equipe ter chegado e ganhado várias vezes. Mas o Atlético, que nunca havia chegado à semifinal, foi lá e passou pelo Inter. Então agora estamos em igualdade de condições. Tanto Flamengo e Goiás [que disputam a outra semifinal] quanto Grêmio e Atlético podem chegar ao título", prega o comandante rubro-negro.

Para o Tricolor, alcançar a atual fase do torneio não é novidade. Ao todo, foram dez confrontos de semifinais com aproveitamento de 70% – Palmeiras (1996 e 2012) e Santos (2010) foram os únicos a conseguir eliminar o Grêmio. Até mesmo nas decisões, a estatística é favorável. De sete duelos, levaram a melhor em quatro (1989, 1994, 1997 e 2001).

Diante de representantes paranaenses, o Grêmio tem predomínio ainda maior na Copa do Brasil. Em 11 jogos, acumula oito vitórias, dois empates e somente um revés. A estatística representa rendimento de 78%, sem uma eliminação sequer.

Mesmo quando perderam para o Paraná, em 1991, os gaúchos ainda conseguiram avançar na competição com um triunfo em Curitiba por 2 a 1. Entre as vítimas locais, o Londrina é a mais recente, em 2004. O Coritiba foi batido em 2001, e o próprio Atlético caiu para os copeiros em 1996.

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A escalação titular do Grêmio será definida momentos antes da partida de hoje. O técnico Renato Gaúcho não quis "dar armas para o inimigo" e evitou pistas sobre os substitutos dos atacantes Vargas, Kléber e Barcos, todos suspensos. A tendência é que o treinador arme o time com três zagueiros (Bressan, Rhodolfo, Werley) e use apenas um jogador no ataque, provavelmente Lucas Coelho. Independentemente dos jogadores e do esquema escolhidos, ele quer uma postura diferente em relação à partida contra o Coritiba, quando perdeu por 4 a 0. "Meu time vai ser diferente daquele de domingo, pelo menos em atitude. Conversei e os jogadores sabem o que fazer dentro de campo", comentou.

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Renato Gaúcho vai encontrar hoje um Atlético muito diferente daquele que ele abandonou no início de setembro de 2011, pouco antes de o time ser rebaixado para a Série B. O atual técnico do Grêmio foi apenas um dos vários capítulos infelizes do clube paranaense naquela temporada. Durou somente 14 jogos e voltou para o Rio de Janeiro com a alegação de que precisava resolver problemas pessoais.

Quando chegou ao Furacão em julho daquele ano, assumiu o time na vice-lanterna e depois de 12 partidas pelo Brasileirão – as outras duas foram pela Copa Sul-Americana –, entregou na mesma posição, apesar de uma ligeira melhora de rendimento, chegando a 47% de aproveitamento ante 38% do antecessor, Adilson Batista.

A passagem dele pelo CT do Caju, além de ineficaz no sentido de livrar a equipe do rebaixamento, não passou sem polêmica. A principal envolveu a falta de um legítimo camisa 9 no elenco. Renato chegou a forçar a escalação do volante Fransérgio na posição em alguns jogos para mandar um recado para a diretoria rubro-negra de que o uruguaio Morro García não era o nome certo. No fim, perdeu a briga.

Acostumado a não ter papas na língua, desagradou a muita gente. Mas dois anos depois, preferiu o caminho protocolar para falar do ex-clube e adversário de hoje. "Eu analiso com felicidade esse momento do Atlético. Dou os parabéns para o [Vagner] Mancini, para o grupo de atletas, para o clube, para a torcida… Trabalhei aqui e gostei muito. É um grande clube", comentou ele, que comandou um rápido treinamento ontem no CT da Graciosa, do Coritiba.

Nessa nova realidade, com o Furacão entre os quatro primeiros da Copa do Brasil e do Brasileirão, Renato Gaúcho disse que a equipe paranaense merece aplausos, assim como o Tricolor gaúcho. O motivo é ter vencido o calendário pesado e ter avançado nas duas competições.

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"Ninguém chega à toa até aqui e disputando vaga [na Libertadores] também no Brasileiro. Não é nada fácil para um treinador ter um grupo cansado devido aos jogos, além da parte psicológica. Mas os dois times estão aí, prestes a conseguir uma vaga", seguiu.

Em relação à partida de hoje, ele espera um ambiente muito favorável ao Atlético, principalmente pela empolgação da torcida com a proximidade de um título nacional.

Apesar de não ter a Are­­na da Baixada, o gremista diz acreditar que a Vila Capanema é um estádio que pode ser intimidador, mas que vai permitir um bom confronto. "O importante é que o gramado está bom, o estádio é bonitinho. Não tem muita capacidade, é tipo uma Bombonera [estádio do Boca Juniors]", analisou o palco.