O inglês Lewis Hamilton passeia pelo autódromo de Interlagos, em São Paulo. Piloto da McLaren corre contra a torcida, mas está com a mão na taça.| Foto: Bruno Domingos/Reuters

Começou como brincadeira de internet. Uma imagem postada no youtube de uma corrida de videogame em Interlagos. Fernando Alonso acerta a traseira de Lewis Hamilton na Descida do Lago. Enquanto o inglês atola na brita, Felipe Massa segue para a vitória e o título em casa.

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Ganhou a vida real nas palavras de Eddie Jordan, antigo dono da escuderia que levava seu sobrenome: "Se Massa tentar tirar Hamilton da pista, como fez no Japão, para ficar com o título, então ele deve estar preparado para isto. Se ele tentar algo assim, Lewis terá de virar seu volante em direção a Massa para que ele não acabe a corrida também."

E causou repulsa ontem aos pilotos envolvidos direta ou indiretamente na disputa da taça, em Interlagos. "Acredito que todo o piloto que está aqui é um grande esportista e todos somos muito competitivos. Então, devo acreditar em todos e esperar que tenhamos uma corrida justa", começou um assustado Hamilton. "Desde que saiu da F-1, Eddie Jordan não tem nada para fazer além de falar com a imprensa", prosseguiu um irritado Massa. "Imagine eu fazendo alguma coisa contra Lewis. Felipe ficaria feliz? Ele seria um campeão orgulhoso? Penso que não", arrematou um bem-humorado Barrichello. "Ele (Massa) é que pode me ajudar dando alguma potência ao meu carro."

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Embora combatida pelos pilotos, a hipótese de o título de pilotos ser definido com uma batida – intencional ou não – é real e não seria inédita. Entre 1989 e 1997, quatro mundiais foram decididos assim, sempre envolvendo pelo menos um mito da categoria.

Em 89, Alain Prost não fez força para evitar a batida com Ayrton Senna em uma chicane de Suzuka. O francês saiu do carro, o brasileiro cortou caminho, venceu a prova, mas foi desclassificado. Título para o professor. No ano seguinte, o troco, mais uma vez em Suzuka. Senna não fez força para evitar que ele e Prost acabassem a primeira curva na caixa de brita. Ninguém voltou à pista e o título veio para o Brasil.

Em 94, Michael Schumacher manchou a conquista do seu primeiro título em Melbourne. O alemão se perdeu na curva, carimbou o muro e na volta fechou o caminho para Damon Hill, quebrando a suspensão do inglês, obrigado a abandonar. Título para Schumi.

Em 97, já na Ferrari, ele tentou repetir a manobra contra Jaques Villeneuve, no GP da Europa. Se deu mal. Além de deixar a corrida – abrindo caminho para o título do canadense – Schumacher ainda foi réu em denúncia de tentativa de homicídio que não foi adiante.

No caso de Massa e Hamilton, terminar a temporada com um acidente seria uma exceção na temporada. O brasileiro chegou a se chocar com David Coulthard no GP da Austrália, mas não deixou nenhuma corrida por acidente. Já o inglês tem no currículo a barbeiragem no Canadá, onde acertou Kimi Raikkonen parado na saída dos boxes.

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A julgar pelas últimas provas do ano passado, um final bem mais provável para o piloto da McLaren do que uma colisão intencional.

Na TV

GP do Brasil (treino livre), às 10 h e 14 h, no SporTV.