Nova York - Equipes de resgate se esforçavam, ontem, para localizar sobreviventes enquanto o Japão tenta se por em pé depois do desastre de sexta-feira. Na região atingida pelo terremoto e pelo tsunami, milhares de casas estão destruídas, estradas estão intransitáveis, trens e ônibus não funcionam e a energia elétrica e os celulares voltam a funcionar gradualmente. A empresa de transporte ferroviário JR informou que três trens estavam desaparecidos. Eles circulavam em cidades do Noroeste, próximas do epicentro do terremoto.
Ainda que a perda de vidas e propriedades seja considerável, muitas pessoas certamente foram salvas pelo pesado trabalho japonês de preparação para desastres e pelo código estrito que regula a construção civil no país. A economia japonesa foi poupada de uma destruição muito pior porque o terremoto atingiu o país longe da sua área industrial.
O tremor ocorreu na sexta-feira, às 14h26 (horário local). Primeiro se ouviu o som que precede o tremor (parecido com um ronco de motor de avião), então veio o tremor que chacoalhou prédios e estradas. Em seguida, ondas de 10 metros de altura avançaram sobre a costa, pegando automóveis e carregando casas que eram jogadas contra os campos de lavouras e contra as fábricas.
Ontem pela manhã, o Japão estava tomado por cenas de desespero, enquanto os sobreviventes das áreas atingidas procuravam pessoas sob os destroços. Kazushige Itabashi, funcionário da prefeitura de Natori, disse que vários distritos do município que estão próximos ao aeroporto de Sendai foram "aniquilados".
Equipes de resgate encontraram 870 pessoas em uma escola de ensino fundamental sábado pela manhã e tentavam retirar outras 1200 pessoas que se abrigaram em outra escola de ensino médio, próxima do mar. Ainda não havia eletricidade nem água para os abrigados que perderam suas casas. Segundo o jornal Mainichi Shimbun, cerca de 600 pessoas estavam no telhado de uma escola pública em Sendai. Durante a manhã de sábado, 150 delas foram retiradas pelos bombeiros.
A tevê Asahi mostrou cenas de moradores isolados em uma ponte, que se desprendeu da estrada nas duas cabeceiras, perto do rio Abukuma, no município de Miyagi.
Mesmo acostumados a terremotos, os japoneses estão espantados com a magnitude do tremor de sexta-feira e suas mais de 100 réplicas (os tremores que acontecem após o grande terremoto). Muitas das réplicas tiveram a força de um verdadeiro terremoto.
"Eu nunca tinha visto um terremoto assim tão forte", disse Toshiaki Takahashi, 49 anos, funcionário público de Sendai. "Achei que iria acabar logo, mas a terra continuou tremendo e ficando cada vez mais forte".
Os serviços de trem, essenciais para o transporte no Japão, foram interrompidos no Centro e no Norte, incluindo Tóquio. As viagens de avião estão severamente prejudicadas. A onda gigante pegou um navio que carregava mais de 100 pessoas. Até o fechamento desta edição não havia notícia do que aconteceu com elas.
Durante toda a sexta-feira e a manhã de sábado, as ondas fortes e carregadas de detritos levavam de um lado para outro grandes caminhões, como se fossem brinquedos. O espetáculo ainda era mais impactante por estar sendo mostrado ao vivo pela televisão.
Vasily Titov, diretor do Centro Nacional para Pesquisa de Tsunamis, disse que as áreas da costa próximas ao epicentro tiveram de 15 a 30 minutos para se proteger antes da chegada do tsunami. "A população do Japão está entre as mais bem treinadas do mundo para lidar com terremotos e tsunamis, mas o tempo não era suficiente para evitar tragédias", disse. Para complicar, o terreno plano tornou difícil para os moradores encontrarem áreas elevadas onde pudessem ficar em segurança.
Mesmo em Tóquio, longe do epicentro, o terremoto foi sentido fortemente. William M. Tsutsui, um professor de Dallas (EUA), estava em Tóquio a trabalho quando o chão começou a tremer. "Foi terrível olhar para o alto e ver todos os arranha-céus balançarem de um lado para outro. Eles pareciam árvores balançando com o vento", disse. O normalmente lotado sistema de metro de Tóquio está vazio desde a tarde de sexta-feira, enquanto os moradores da cidade faziam uma viagem épica para voltar para casa, caminhando muitos quilômetros através da vasta área metropolitana da cidade. Ainda na manhã de sábado, 18 horas após o terremoto, milhares de pessoas usando os ternos escuros que vestiram para trabalhar na sexta-feira eram vistas nas estradas rumo às suas casas.
Tradução: Marleth Silva
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