Além dos custos com a reconstrução das áreas atingidas pelo terremoto e pelo tsunami, o Japão terá que enfrentar atrasos na sua produção industrial, parcialmente paralisada desde sexta-feira.
Analistas e a imprensa internacional foram unânimes em afirmar que a catástrofe vai unir o país em torno de um projeto de reconstrução, que pode incentivar o orgulho nacional, abalado nos últimos anos por escândalos políticos e pelo crescimento da vizinha China.
O terremoto afetou um grande número de indústrias. Montadoras de automóveis, fabricantes de eletrônicos, bebidas e siderúrgicas interromperam a produção após o tremor. As empresas devem reavaliar a situação na segunda-feira.
O setor industrial tem sido prejudicado pelos constantes cortes de energia após o tremor, o que torna difícil manter as operações diárias. A situação pode se agravar se houver um colapso da usina nuclear Daiichi, danificada pelo terremoto. A Tepco, empresa que administra a usina, pediu que seus clientes reduzissem o uso de energia e disse que irá impor cortes "seletivos" a partir deste domingo.
A Toyota suspendeu as operações de suas 12 fábricas para permitir que seus empregados e fornecedores preocupem-se com a segurança de suas famílias. A Honda suspendeu a produção em quatro de cinco fábricas e informou que um funcionário morreu durante o terremoto. Outros 30 ficaram feridos.
A Nissan parou a produção em todas as seis unidades no Japão e disse estar avaliando os danos às suas instalações e equipamentos, além de negociar o recebimento de peças com seus fornecedores.
A Sony interrompeu as operações em seis fábricas de componentes, como baterias, chips e smart cards nas províncias de Fukushima e Miyazaki. Em uma de suas fábricas em Miyagi, que produz fitas magnéticas e discos Blu-ray, todo o primeiro andar foi inundado e os funcionários ficaram abrigados no segundo andar.
A Panasonic paralisou várias unidades que produzem máquinas digitais, produtos de áudio e componentes eletrônicos. A operadora Oriental Land decidiu fechar por dez dias os parques temáticos da Disneylândia, em Tóquio, e a Disney Sea, nos arredores da capital.
Em Tóquio, praticamente todo o varejo não abriu no sábado. No movimentado distrito comercial de Harajuku, de pequenas butiques a grandes magazines permaneceram fechados.
O economista Nouriel Roubini, conhecido por prever a última crise financeira que assolou o mundo, disse que o terremoto no Japão vem, do ponto de vista da economia, no "pior momento" possível.
"Existirá um estímulo fiscal para reconstruir o país, mas o Japão sofre com um deficit público que se aproxima dos 10% do PIB, além de ter uma população idosa (que não integra a força de trabalho)", analisou.
Assim como ocorre nos EUA, as autoridades monetárias japonesas mantêm a taxa de juros em um patamar próximo de zero, uma tentativa de aquecer a combalida atividade econômica.
"O terremoto causa queda na atividade econômica no mesmo trimestre, mas, com o passar do tempo, se há estímulo fiscal, existe a possibilidade de recuperação da economia em um curto intervalo de tempo", completou o professor Roubini.