Tropa brasileira lembra os 18 militares mortos durante o terremoto
A morte de 18 militares brasileiros no terremoto de Porto Príncipe, há um ano, foi ainda mais chocante porque representou a primeira baixa da força nacional no Haiti, no país desde 2004. Nos segundos em que a terra tremeu, os brasileiros estavam em três locais utilizados pelas forças da ONU na capital, e não na base principal (Campo Charlie, onde houve poucos danos).
Haiti faz homenagem em memória de Zilda Arns
A comunidade religiosa no Haiti e no Brasil lembrou ontem a morte da médica sanitarista Zilda Arns, criadora da Pastoral da Criança. A "mãezinha", como era chamada carinhosamente pelos íntimos, dava treinamentos em Porto Príncipe, há um ano, quando foi atingida pelo desabamento do santuário Sacre Coeur, onde participava de um evento no momento do desastre.
Brasil aumenta ajuda internacional em 50%
Rio de Janeiro - A ajuda ao desenvolvimento prestada pelo Brasil a outros países aumentou 50% em termos reais entre 2005 e 2009, mostra o primeiro balanço do setor, feito em conjunto pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ligada ao Itamaraty.
Porto Príncipe - A população de Porto Príncipe parecia estar inteira nas ruas ontem, quando foram lembrados os 230 mil mortos do terremoto de 12 de janeiro de 2010. É difícil saber quem estava lá por falta de um atividade ou por causa do feriado declarado pelo governo o desemprego atinge de 70% a 80% dos haitianos, que vivem da venda de artigos variados e de doações. O trabalho que poderia vir das obras de reconstrução praticamente não existe.
Para relembrar as vítimas, multidões se reuniram diante de pequenas igrejas evangélicas e fizeram procissões pelas ruas. Na frente do Palácio Nacional, ainda em ruínas e um dos principais ícones da destruição causada pelo terremoto, um grande evento reuniu milhares de pessoas durante todo o dia, mas especialmente às 16h53, horário exato em que a terra tremeu um ano atrás.
Enquanto isso, as forças armadas monitoravam qualquer exaltação maior, temendo novos conflitos como os que ocorreram no início de dezembro, após o anúncio do resultado do primeiro-turno da eleição presidencial de 28 de novembro. Agora, a Organização dos Estados Americanos (OEA) comanda a recontagem de votos, cuja divulgação é prometida para os próximos dias.
Mercado
Embora a situação tenha mudado muito pouco desde a tragédia, a reabertura do mercado Hyppolite, um edifício gigante e centenário no centro de Porto Príncipe, é considerado um marco para a reconstrução do país. Em cores vivas que contrastam com o cinza das construções precárias do centro da capital, o prédio foi reinaugurado na terça-feira e contou com a presença do ex-presidente norte-americano Bill Clinton. O mercado é uma boa representação de como a saída para o Haiti pode estar na construção civil. Com a reinauguração, o local já fez a economia girar. O vigia do novo mercado, por exemplo, recebeu um aumento de salário quando a empresa para a qual trabalha fechou contrato para prestar segurança dentro do novo centro de vendas.
Na celebração em frente ao Palácio Nacional, a reportagem conheceu a jovem Franci Lanbert, de 33 anos e mãe de quatro filhos. Simpática, ela mostrou a barraca onde se instalou após o tremor, quando perdeu a casa no centro da cidade. O acampamento fica ao lado do antigo prédio presidencial. Em cerca de 4 metros quadrados, ela tem uma cama, onde dorme com o marido e os filhos, e um pequeno fogareiro, onde se viam algumas brasas e pedaços de cenoura. A sensação térmica debaixo das lonas que servem de telhado era de mais de 40 graus Celsius. Apesar da degradação de suas condições de moradia, ela se diz feliz com o emprego encontrado após a tragédia, como faxineira da ONG brasileira Viva Rio. A organização aumentou a abertura de vagas no último ano. Enquanto Franci ganhava cerca de US$ 50 por mês antes do tremor, agora sua renda subiu para US$ 200. O marido está desempregado.
Passeando no feriado com roupas de rapper, Jacob Fleuranvil, de 18 anos, também melhorou de vida após o terremoto. Ele trabalhava como vendedor informal, atividade em que conheceu os militares brasileiros que servem na missão da ONU no país. Com eles aprendeu português e foi contratado para realizar serviços de faxina na nova base, aberta após o tremor no centro da cidade para intensificar a presença na região de alta densidade populacional. O irmão já trabalhava na mesma função, e hoje os dois sustentam a família de 15 pessoas, com salário de cerca de US$ 150.
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