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Narcotráfico

América Latina pede que EUA e Europa reduzam consumo de drogas

Comissão integrada por FHC pede esforços contra o consumo de drogas ilícitas: repressão à produção ao tráfico | Alberto Lowe / Reuters
Comissão integrada por FHC pede esforços contra o consumo de drogas ilícitas: repressão à produção ao tráfico (Foto: Alberto Lowe / Reuters)

A Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia pediu nesta quinta-feira (4) aos Estados Unidos e à Europa que intensifiquem seus esforços contra o consumo de drogas ilícitas, como parte de uma estratégia global que envolve também a repressão à produção e ao tráfico.

A comissão, liderada por ex-presidentes como Fernando Henrique Cardoso, César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México), busca levar à ONU uma proposta unificada de reforma da política global antidrogas.

"Tem-se a sensação de que o resto do mundo olha para a América do Sul como se fosse a culpada, porque a droga se produz em alguns países daqui, e não se dão conta de que eles consomem a droga", afirmou Fernando Henrique Cardoso.

"Haverá sempre quem produza quando houver consumo. É preciso combater também o consumo e os paraísos fiscais", acrescentou o ex-presidente, dizendo-se preocupado com o poder de penetração do narcotráfico nos governos da região, gerando corrupção e ameaçando a democracia.

"As favelas no Brasil passaram de ser o reduto da pobreza e da miséria para se transformar em bunkers dos narcotraficantes, que utilizam sua gente para guardar e distribuir os pacotes de droga, utilizando as melhores armas", disse FHC, citando também a expansão do narcotráfico no México.

Ele defendeu que, paralelamente ao combate policial-militar contra os cartéis de traficantes, a questão do consumo seja tratada como assunto de saúde pública.

Direito de questionar

Já César Gaviria defendeu que a Colômbia, destinatária de uma bilionária ajuda antidrogas dos EUA, tenha o direito de questionar os resultados e de propor outras estratégias.

"A Colômbia tem o direito é de perguntar se o enorme esforço que está fazendo está produzindo os resultados que a comunidade internacional supostamente está esperando, e se [os demais países] estão fazendo o que lhes cabe para avaliar suas políticas e ver se produzem os resultados esperados", afirmou Gaviria, que também foi secretário-geral da Organização dos Estados Americanos.

Ele alertou que não se deve confundir a questão da despenalização do uso com uma trégua na luta contra o narcotráfico.

"Quero crer que quando falamos de despenalização estamos nos referindo ao consumo pessoal, e não à luta contra o narcotráfico", disse.

O vice-presidente da Nicarágua, Sergio Ramírez, sugeriu que os países desenvolvidos, maiores consumidores de droga, paguem um imposto a países pobres que combatem a produção.

Vários países da América Latina são produtores importantes de drogas, como Colômbia, Peru e Bolívia, enquanto outros, como Brasil, México e Venezuela, têm importância como rota do tráfico. Além disso todos, em maior ou menor proporção, são afetados pelo consumo de drogas.

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