Manifestantes acendem tochas e dispositivos de celulares durante comício na Praça da Independência, em Kiev| Foto: REUTERS / Baz Ratner

Presidente ucraniano anuncia eleições antecipadas

Após horas de negociações, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, anunciou nesta sexta-feira que prevê a realização de uma eleição presidencial antecipada, um governo de coalizão e um reforma constitucional que reduz seus poderes. As concessões, uma tentativa de solucionar a violenta crise política com a oposição pró-europeia, foram aceitas pela oposição.

Leia a matéria completa.

CARREGANDO :)
Veja também
  • Presidente ucraniano anuncia eleições antecipadas e governo de coalizão
  • Parlamento ucraniano aprova fim de ações antiterror e retirada da polícia das ruas
  • UE aprova sanções contra a Ucrânia
  • Ministério diz que 67 policiais foram capturados por manifestantes em Kiev
  • "Não seja um capacho", diz Moscou ao governo da Ucrânia

Em um ambiente de forte emoção, a multidão concentrada na Praça da Independência, em Kiev, rodeou líderes oposicionistas nesta sexta-feira (21) depois que eles assinaram um acordo com o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, para pôr fim à prolongada crise no país, e manifestantes disseram que não vão esperar muito tempo para vê-lo deixar o poder.

Publicidade

As pessoas estavam muito exaltadas quando o caixão de uma vítima da violência de quinta-feira (20), dia em que dezenas de pessoas foram mortas durante protestos contra o governo, foi levado através da multidão ao palco na praça, aparentemente pegando de surpresa os líderes da oposição.

Apesar do acordo assinado por Yanukovich e a oposição, muita gente na praça não estava no clima de encerrar os protestos iniciados em novembro, depois que o presidente abandonou um pacto comercial prestes a ser assinado com a União Europeia e, em vez disso, estreitou laços com a Rússia.

Depois que outro caixão aberto foi levado pela multidão, um manifestante usando trajes de guerra agarrou o microfone e foi aplaudido ao dizer: "Queremos ele fora até amanhã [sábado, 22]!".

Referindo-se aos três líderes oposicionistas, incluindo o boxeador e agora político Vitaly Klitschko, que estavam detrás dele, o homem disse: "Meu camarada foi baleado e nossos líderes apertam as mãos de um assassino. É uma desgraça."

"Nós demos a vocês, políticos, uma chance de se tornarem ministros no futuro, até mesmo presidente, mas vocês não querem cumprir nossa única exigência - que esse criminoso deixe o cargo."

Publicidade

"Nós, pessoas simples, estamos dizendo aos políticos atrás de nós que não há nenhuma maneira de Yanukovich ficar como presidente por todo o ano. Ele tem de sair amanhã [sábado, 22] até as 10 horas."

"Se até as 10 horas de amanhã [sábado, 22] não for anunciado que Yanukovich se foi, nós vamos atacar com armas", disse ele.

Antes, Klitschko atraiu assobios e vaias de escárnio da multidão quando elogiou as conquistas políticas "muito importantes" durante o dia.

Klitschko e os outros líderes oposicionistas aliados, Arseny Yatsenyuk e o nacionalista Oleh Tyanibok, assinaram no início do dia um acordo com Yanukovich mediado pela União Europeia, pelo qual o presidente ucraniano fez concessões importantes depois de dois meses e meio de confrontos nas ruas de Kiev.

As concessões incluem a antecipação das eleições, formação de um governo interino e o retorno à Constituição anterior, o que significa que o presidente perderá poderes, incluindo o controle sobre a formação do governo.

Publicidade

Klitschko pediu desculpas depois por ter apertado a mão de Yanukovich, ao pegar o microfone e falar para a multidão: "Se ofendi alguém, peço o seu perdão."

Mas boa parte dos manifestantes se manteve firme na rejeição do acordo.

"Vou lutar até a morte", disse Vasily Stefinyuk, de 50 anos, da cidade de Kharkiv, no nordeste do país, e veterano da invasão soviética no Afeganistão.

"Nós fomos traídos", disse ele. "Nós não estamos aqui por causa de Klitschko ou Yatsenyuk, nós estamos aqui para nos livrarmos de Yanukovich."

Outro homem, Volodymir, de 35 anos, da cidade de Lviv, no oeste, perto da fronteira polonesa, afirmou: "Nós não vamos seguir Klitschko e os outros. Eles apertaram as mãos de um gângster e dançaram com o diabo."

Publicidade