O Egito terá nesta quarta-feira (21) uma nova jornada eleitoral em nove províncias do país mesmo sem ter apagado o fogo dos protestos registrados na praça Tahrir, onde, nesta terça-feira(20), foram registrados novos confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
Apesar de não ter repetido a mesma intensidade dos outros dias, os distúrbios voltaram a ocorrer no centro da capital egípcia, mas de forma esporádica. No entanto, alguns confrontos mais violentos também foram registrados durante a última madrugada.
Por volta das 22h (horário de Brasília), da última segunda-feira (19), as forças de segurança fizeram um ataque "surpresa" aos ativistas que estavam acampados de forma pacífica na praça Tahrir, no centro da capital Cairo. Os manifestantes exigem a saída da Junta Militar do poder, detalhou à Agência Efe o ativista Saad Zaglul, que estava no local.
Uma fonte dos serviços de segurança, por outro lado, apontou que os confrontos entre integrantes da Segurança Central e ativistas foi iniciado depois que os mesmos começaram a lançar pedras e coquetéis molotov nos agentes, além de terem tentado derrubar um dos muros levantados para isolar os edifícios governamentais.
Distúrbios
Desde que os distúrbios foram iniciados na última sexta-feira (16), pelo menos 13 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde. Porém, testemunhas no lugar afirmaram à agência Efe que estes números estão "maquiados".
Os manifestantes, até o momento, não conseguiram mudar a postura do Conselho Supremo das Forças Armadas, força que controla o país desde a queda do presidente Hosni Mubarak e que negou qualquer responsabilidade nos incidentes registrados nos últimos dias.
Segundo a junta militar, os ataques foram provocados por terceiros que querem desestabilizar o país. Essa atitude gerou mal-estar entre inúmeras forças políticas, enquanto surgiram novas denúncias contra a violência das forças de segurança.
O Conselho Consultivo, criado por conta dos protestos anteriores, está analisando os fatos ocorridos nos arredores da sede do Conselho de Ministros, enquanto um juiz renovou nesta terça-feira a sentença de prisão de 118 acusados e libertou apenas cinco.
Manifestações
Há menos de um mês atrás, as manifestações maciças e os confrontos registrados no Cairo estiveram a ponto de cancelar o início das eleições legislativas, que foram realizadas na data em que estavam previstas.
Seguindo a mesma linha das eleições anteriores, as autoridades mantiveram firme a decisão de desenvolver entre quarta e quinta-feira o segundo turno deste pleito, que definirá a escolha dos candidatos de listas abertas que não superaram a maioria necessária na última semana.
Segundo o jornal estatal "Al-Ahram", 118 aspirantes de diversas forças políticas vão disputar 59 cadeiras em nove províncias do país, como: Suez (nordeste), Assuã (sul) e Guiza (na parte ocidental do Cairo).
Além disso, este pleito também escolhera os candidatos de mais três distritos das províncias de Menufiya e Al Bahira, no delta do Nilo, e de Sohag (sul), as quais não puderam ser realizadas na última semana devido à falta de algumas formações nas cédulas eleitorais.
Segundo os resultados das listas fechadas nesta segunda etapa, que foram divulgadas nesta terça-feira pela imprensa local, o Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana, obteve 37,2% dos votos, o que garantiria 33 das 86 cadeiras que concorriam.
Na sequência, seguem os salafistas do Al Nour, com um 31% dos sufrágios, o que confirma a liderança dos islamitas no primeiro turno e torna ainda mais difícil a posição das forças liberais.
Para estas duas próximas jornadas, o PLJ apresentará 49 candidatos, a Al Nour terá 36 e o Bloco Egípcio (liberais) apenas 3; entre outros. A realização deste processo encerra a segunda fase das três em que se divide a eleição à Assembleia do Povo (câmara baixa do Parlamento), que será concluída apenas em janeiro.
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