O governo da Bolívia decretou estado de sítio no distrito amazônico de Pando, onde segundo as autoridades se produziu um verdadeiro "massacre" e protestos contra os planos socialistas do presidente Evo Morales deixaram ao menos dez mortos.
O decreto foi lido pelo ministro da Defesa, Walker San Miguel, em entrevista coletiva no Palácio de Governo.
"A violência promovida e financiada por grupos racistas delinquentes em Pando causou crimes de lesa humanidade provocando a morte de cidadãos e a tomada violenta de instituições públicas e privadas", disse San Miguel.
Os protestos ocorrem em reação aos planos do esquerdista Morales, que busca instalar um governo de modelo socialista com a intervenção do Estado na economia.
A oposição boliviana está apoiada nos distritos da região oriental do país, nos quais se iniciaram processos de autonomia em oposição à nova carta magna, que aprofundaria a nacionalização dos recursos naturais e daria mais poder à maioria indígena.
San Miguel disse que a situação em Pando, com uma população de cerca de 100 mil habitantes e situado ao norte, na fronteira com Brasil e Peru, é "de uma grande comoção interna".
Com o estado de sítio em Pando, fica proibido o trânsito de mais de três pessoas juntas e todo veículo motorizado entre a meia-noite local (1h em Brasília) e as 6 horas.
Além disso, "fica proibida a organização de reuniões políticas, comícios, manifestações, greves e bloqueios de rua" na região de Pando, informou San Miguel.
O ministro de Governo, Alfredo Rada, disse na mesma coletiva de imprensa que o que se produziu em Pando é "uma verdadeira situação de massacre".
"Cada hora que passa, as emissoras de rádio e os meios de comunicação reportam um número crescente de vítimas fatais. Os cadáveres que estão no necrotério de Cobija vão se acumulando e outros cadáveres são encontrados no monte ou no rio", disse o funcionário a jornalistas.
Rada não mencionou uma nova cifra de mortos, mas as rádios falam em ao menos 14 vítimas.
O escritório da Anistia Internacional no Chile manifestou em um comunicado preocupação com a situação dos direitos humanos na Bolívia devido à escalada da violência.
"A intervenção do governo é essencial para manter as regras do direito na Bolívia e devem ser executadas com todo o respeito aos direitos humanos", disse Susan Lee, diretora para as Américas da Anistia Internacional
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