O embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher, disse nesta segunda-feira (31) após se reunir com a subsecretária de Assuntos Políticos do Itamaraty, Vera Machado, que a cineasta e ativista brasileira Iara Lee não está na lista atual de mortos e feridos durante o ataque de tropas israelenses a navios de ajuda humanitária. "Até agora sabemos que ela está na lista dos passageiros. Não está na lista de mortos ou de feridos, mas todas as listas não estão concluídas, não é uma lista final", disse.
Becher confirmou, no entanto, que a brasileira estava no navio onde houve violência. Segundo ele, o confronto ocorreu em apenas um dos seis barcos, em resposta a reação agressiva dos ativistas. O embaixador explicou que havia mais de 500 pessoas na embarcação e as autoridades de Israel estão checando a nacionalidade e o estado de saúde de cada um dos passageiros. "Ela está no último barco, onde o conflito aconteceu. Estamos num processo de identificação de cada um dos passageiros. Talvez até meia noite teremos a lista [completa]", afirmou.
O embaixador afirmou ainda que o governo israelense se comprometeu a apurar o paradeiro da ativista e repassar as informações ao Brasil assim que possível. "Tivemos um problema para encontrá-la, porque ela foi identificada como norte-americana porque também tem um passaporte norte-americano. E não foi identificada como brasileira, mas agora sabemos que ela está na lista e prometi a embaixadora vera machado que vamos mandar qualquer informação que venhamos a ter da parte de Israel imediatamente ao Itamaraty", disse.
"Reação desequilibrada"
O embaixador também criticou a reação do governo brasileiro de "condenar de forma veemente" o ataque de Israel aos navios de ajuda humanitária. Segundo Bacher, a atitude do Brasil não foi equilibrada. "Lamento muito a reação do Brasil. Creio que não é uma relação balanceada. É uma reação que não toma em consideração a posição de Israel. Se pode dizer muitas vezes que era um apoio humanitário, mas não é um apoio humanitário".
Para o embaixador, o navio que levada mantimentos para a população da Faixa de Gaza tinha o objetivo de fazer propaganda negativa de Israel. "Apoio humanitário é para povo da Faixa de gaza. Este foi uma flotila de provocação, de conflito, de propaganda anti-isrealense. E tudo isso não faz parte da reação do Brasil, lamentavelmente".
Bercher disse, contudo, que o episódio não deve abalar as relações entre Israel e Brasil. "Creio que as relações bilaterais entre Brasil e Israel são fortes. Não gostamos muito da reação do Brasil, mas vamos continuar a trabalhar juntos para fortalecer as relações", afirmou.
Nesta segunda, o governo brasileiro divulgou nota em que "condena de forma veemente" o uso da força pelas tropas israelenses contra o grupo humanitário. O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, disse estar "chocado" com a atitude de Israel. "Nós não poderíamos ter ficado mais chocados do que com um evento desse tipo. Eram pessoas pacíficas, não significavam nenhuma ameaça, e que estavam procurando realizar uma ação humanitária", afirmou.
Quanto à possível deterioração das relações diplomáticas com a Turquia, o embaixador israelense admitiu que ataque possa trazer "conseqüências". "Talvez teremos conseqüências da parte da Turquia e outros países. Mas espero que com o tempo isso não vá ter um impacto significativo".
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