Turista com passagem comprada pode cancelar ou adiar viagem
Após o terremoto, o consumidor com passagem marcada para o Chile poderá optar entre cancelar ou adiar a viagem sem a cobrança de taxas e multas. Embora os contratos com as companhias aéreas e operadoras de turismo prevejam a incidência de multas em casos de desistência ou remarcação, a interpretação dos órgãos de defesa do consumidor é de que a catástrofe chilena tornou impossível a prestação do serviço da forma como foi contratado.
Brasileiro desaparecido
A diplomacia brasileira busca informações sobre um brasileiro que estaria desaparecido em Concepción, cidade mais atingida pelo terremoto de magnitude 8,8 que atingiu o Chile no último sábado e matou ao menos 723 pessoas.
Chilenos em Foz e no Rio não conseguem voltar
Distantes da família e com poucas notícias do país arrasado pelo terromoto, um grupo de 126 turistas chinelos está em Foz do Iguaçu sem poder voltar para casa. Eles dependem da retomada das operações no Aeroporto de Santiago para embarcar.
Testemunha
O estudante de Desenho Industrial e artista plástico curitibano Daniel Mariot chegou ao Chile cinco dias antes do terremoto para um programa de intercâmbio de um ano na cidade de Valparaíso. Ele conta que estava na cozinha da casa quando a terra começou a tremer.
Com a interrupção dos voos e as comunicações por telefone prejudicadas, cresce entre os brasileiros presos no Chile a ansiedade em relação à volta para o Brasil. Enquanto não encontram um meio de voltar ao país, os viajantes relatam momentos de expectativa e apreensão. "Acontecem novos tremores o tempo todo, e dá para ver que estão começando a faltar coisas no mercado. Esperamos que as coisas não fiquem piores nos próximos dias", torce o paulista Marcelo Vieira, técnico em eletrônica, que estava em Santiago a trabalho.
Vieira tinha voo marcado para a manhã do último sábado. Após o cancelamento, ele procurou a Embaixada do Brasil em Santiago para obter informações sobre rotas alternativas. "Nos disseram que já havia 400 brasileiros querendo voltar para o país. Vocês (jornalistas) precisam pressionar para que o Brasil mande um avião militar. As companhias aéreas vendem passagens pela internet, mas não há nenhum voo programado", afirma.
Segundo o embaixador no Chile, Mário Vilalva, a diplomacia brasileira prestou assistência a cerca de mil brasileiros até a manhã de ontem. O embaixador informou ainda que há cerca de dez brasileiros que estão recebendo ajuda do governo. "Eles estão acomodados em albergues, onde a alimentação está inclusa", disse. Ontem, um avião do governo foi enviado ao Chile para trazer um grupo de 17 brasileiros considerados como "prioritários" pela embaixada. Entre os resgatados, está um grupo de escritores brasileiros que participariam de um seminário, dentre eles as autoras Ana Maria Machado e Lygia Bojunga.
O diplomata brasileiro afirma que não há previsão de que a Força Aérea Brasileira (FAB) envie mais um avião para buscar brasileiros no país. "Não há nenhum brasileiro em condições graves para justificar o envio do avião. A maioria pode esperar até que o aeroporto seja reaberto", avaliou. Apesar disso, afirma que a situação poderá mudar.
Por terra
Alguns brasileiros estão optando por viajar de ônibus até a Argentina, e então comprar passagem em um dos voos que partem rumo ao Brasil. Este é o caso de uma equipe de cinco profissionais de saúde do Hospital de Clínicas liderada por Flávio Telles, diretor do corpo clínico da instituição, que estava no país realizando um treinamento. O grupo embarcou ontem em um ônibus que saiu de Santiago rumo a Mendoza, na Argentina, e esperam chegar a Curitiba amanhã à noite.
Aeroporto
O Ministério de Obras Públicas do Chile afirmou ontem que o aeroporto da capital Santiago só deve ser reaberto para voos internacionais na próxima sexta-feira, seis dias depois do terremoto.
Segundo o ministério, os voos nacionais devem ser normalizados nas próximas 24 horas se as autoridades conseguirem consertar os danos causados pelo tremor aos tanques de armazenamento de combustível para as aeronaves, informou Pablo Ortega, secretário-geral da Direção Geral de Aeronáutica Civil.