O engenheiro José Geraldo, que trabalhava há três anos na Líbia, disse na manhã desta quinta-feira (24) ao chegar ao Brasil que a saída do país foi tranqüila. Ele chegou ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, em um voo da companhia aérea TAP vindo de Lisboa. Outros brasileiros que estavam na Líbia também retornaram neste voo, mas não quiseram falar com a imprensa. O grupo foi retirado do país com ajuda do governo português.
Geraldo morava em Trípoli, onde trabalhava para a empresa Andrade Gutierrez. O engenheiro contou não ter presenciado conflitos. "Estava tudo tranquilo, não tinha nada em Trípoli. Os problemas não eram onde a gente estava. Para nós, não teve dificuldade nenhuma para sair de lá. Chegamos bem, tudo tranquilo, não aconteceu nada conosco por lá", disse ele aos jornalistas nesta manhã.
O engenheiro é de Belo Horizonte, e seguiria ainda nesta manhã para a capital de Minas Gerais em outro voo. Ele contou que desde que os conflitos se iniciaram não teve dificuldades para falar com sua família. "Não tive nenhuma dificuldade, falava com eles todos os dias, pela internet e por telefone."
Geraldo também relatou ter recebido apoio da empresa. "A empresa tomou conta para não deixar a gente correr nenhum risco", afirmou. Ele também disse acreditar que todos os funcionários da Andrade Gutierrez já tenham saído do país. "Acho que da minha empresa saíram todos. Meus colegas vieram comigo."
O engenheiro contou que já estava com volta programada para o Brasil, que visita periodicamente, e que não vê problemas eu voltar a trabalhar na Líbia. "Pretendo voltar", afirmou.Conflitos
Pelo menos 640 pessoas já morreram na Líbia desde 14 de fevereiro nos protestos contra o regime de Muamar Kadafi, anunciou nesta quarta-feira (23) a Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH).
O número representa mais que o dobro do balanço oficial do governo da Líbia, divulgado na véspera, de 300 mortos.
A FIDH, com sede em Paris, menciona 275 mortos na capital na Líbia, Trípoli, e 230 na cidade de Benghazi, epicentro dos protestos, no leste do país.
Entre os mortos em Benghazi, 130 seriam militares que foram executados por seus superiores porque não quiseram atacar os manifestantes antigoverno, segundo a entidade.
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