O cessar-fogo estipulado nessa sexta-feira (5) entre governo e rebeldes no leste da Ucrânia está sendo respeitado, mas foram registrados incidentes isolados, denunciados neste sábado pelo Conselho de Segurança Nacional e Defesa e pelo líder dos separatistas pró-Rússia de Donetsk, Aleksandr Zakharchenko. "Hoje (sábado), o acordo sobre o cessar-fogo não está sendo respeitado plenamente. É cedo para falar do fim total das hostilidades", lamentou Zakharchenko. Segundo o rebelde, o exército bombardeou nesta manhã a cidade de Amvrosiyevka.
Já o porta-voz do CSND, Andrei Lisenko, denunciou uma dezena de ataques isolados contra as posições governamentais. A maior parte deles, no entanto, ocorreu quando a ordem do cessar-fogo bilateral não tinha chegado ainda a todas as unidades.
Apesar dos incidentes, a trégua estipulada durante a reunião do Grupo de Contato para a crise ucraniana realizada em Minsk (Belarus) está sendo respeitada pela maioria dos combatentes de ambos os lados. "As forças da operação antiterrorista cumprem o regime de cessar-fogo em estrito cumprimento da ordem do comandante supremo" da Ucrânia (o presidente ucraniano, Petro Poroshenko), afirmou Lisenko.
O protocolo para o cessar-fogo, considerado como primeiro passo de um plano de paz aplicado por etapas, prevê o controle internacional do fim das hostilidades, que provavelmente será responsabilidade da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), e a troca de prisioneiros, o que poderia começar nesse sábado mesmo. "Hoje deve ser realizada a entrega de prisioneiros por nossa parte, e esperamos que na segunda-feira ocorra a entrega pela parte ucraniana", disse o líder separatista.
Se o cessar-fogo se mantiver, será um marco para os dois lados. Os confrontos entre rebeldes pró-Rússia e tropas do governo ucraniano têm devastado a já problemática economia ucraniana, deixaram pelo menos 2.600 civis mortos e centenas de milhares sem casa, segundo estimativas da Organização da Nações Unidas.
Estados Unidos e União Europeia (UE) prepararam sanções ainda mais duras contra Moscou e Obama destacou que o meio mais eficiente de garantir o cessar-fogo é seguir adiante com essas medidas e manter a pressão sobre a Rússia.
Segundo um diplomata da UE, essas novas medidas prejudicariam o acesso da Rússia aos mercados de capitais e o comércio de armas e tecnologia de defesa, bens de dupla utilização e tecnologias sensíveis. As novas sanções receberam aprovação na noite de sexta-feira e podem ser implementadas já na próxima terça-feira.
"Se determinados processos entrarem em curso, estamos preparados para suspender as sanções" contra a Rússia, declarou a chanceler alemã Angela Merkel.
Em declaração publicada online neste sábado, o Ministério de Relações Exteriores da Rússia condenou a intensificação nas sanções pela UE e prometeu que "haverá, sem dúvida, uma reação do nosso lado" a qualquer nova medida. Em agosto, a Rússia aprovou a proibição de importação de carne, frutas, vegetais e derivados de leite da UE, dos Estados Unidos e de uma série de países que impuseram sanções a Moscou.
Poroshenko e Putin constatam cumprimento de cessar-fogo na UcrâniaEFE
Os presidentes da Ucrânia, Petro Poroshenko, e da Rússia, Vladimir Putin, constataram neste sábado em uma conversa por telefone o cumprimento do cessar-fogo bilateral decretado no leste da Ucrânia e discutiram os passos que devem ser tomados para garantir a estabilidade da trégua alcançada ontem.
"Os chefes dos dois Estados constataram que o regime de cessar-fogo está sendo respeitado em geral. Petro Poroshenko e Vladimir Putin discutiram os passos para garantir um caráter estável do cessar- fogo", informou a presidência ucraniana em um comunicado.
Em nota emitida após a conversa, o Kremlin afirmou que os dois líderes ressaltaram a importância do controle internacional sobre o cumprimento bilateral do fim das hostilidades entre o exército ucraniano e os separatistas pró-Rússia.
"Foi acentuada a importância do acompanhamento da situação pela OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa)", apontou o comunicado do Kremlin.
Segundo a nota, Putin e Poroshenko falaram sobre o "envio de ajuda humanitária (russa) para a população das regiões de Donetsk e Lugansk", controladas em grande parte pelos separatistas.